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domingo, 13 de dezembro de 2009

DISCRETO TOQUE DE CRENTE

Sabonete do Calvário”, medalha “Comigo Ninguém pode”, cura “contra todas as enfermidades”, “água anti-aids”, “água do Rio Jordão”, “óleo de Nazaré”, “água da Piscina de Siloé”, “portal da graça maior”, “fogueira da purificação”, “fonte da reconciliação.”
Quem não viu isso na televisão ou em concentrações de irmãos crentes em Cristo? Não há porque ridicularizá-los. Se o povo acredita neles e se vai lá receber o recado e a ajuda; se diz que foi curado de caroço, de câncer e de leucemia, que seja respeitado! O tempo dirá se foi milagre e se de fato curou e durou. Conheço casos que duraram e casos que na semana seguinte tinham voltado ao que eram. Num caso, a mídia divulgou a cura de pessoa famosa com estardalhaço. Ela morreu dias depois. Não fora curada. Não vi o pregador admitir que se enganou!
A criatividade dos pregadores, porém, não conhece limites. Tenho gravadas as falas e os gestos das mais diversas igrejas nos mais diferentes programas de fé que se vê e se ouve na mídia. Estudo “Prática e crítica de Comunicação nas Igrejas”. Gravo a maioria das pregações que vejo e que ouço e estudo o que foi dito e feito. É ume tudo interessante para quem deseja conseguir um doutorado ou um mestrado.
A mais intrigante foi a “oração de sete graças contra o caboclo sete flechas”. Interessante, também, a oferta de cem preces por dez reais, da “oração para conseguir emprego”. A oração foi oferecida como infalível. Deus não resistiria a ela. Era orar sete vezes e esperar que o emprego chegaria sete dias depois!... Lembrou a piada do jogador que, no dia sete do mês sete, levantou-se às sete horas, gastou sete reais, encontrou sete amigos e, na corrida de cavalos daquele dia, apostou no número sete, que chegou em sétimo lugar!
A ênfase nos números, a garantia de que Deus não resiste a uma centena de orações, a aposta de que a água sobre o rádio, bebida depois da prece do pregador vai curar uma enfermidade, a certeza de que vela feita de cera de abelha de Jerusalém vai curar, e a oferta de medalha “comigo ninguém pode” atestam um fato: voltou a religião de visual, do toque e das maravilhas. Se Deus não as faz, o pregador dá um jeito de fazê-las.
Pode-se achar este tipo de fé emotiva e de toque na mesma Bíblia (Mc 6,56) onde se encontra também a fé que não precisa nem ver nem tocar para crer. Podemos crer como Tomé, que insistiu no toque (Jo 20,24-29), ou como o centurião romano que não pediu nada mais do que uma palavra de Jesus(MT 8,8).
Por ver que como em Mc 6,19 e 6, 56 as multidões queriam tocar em Jesus, muitos pregadores não se fazem de rogados. Criam gestos e objetos para o toque do povo. Outros preferem ajudar o povo a pensar. Não precisam tocar. Jesus algumas vezes tocou nos enfermos. Outras não! Nada de errado com o gesto e o toque! O erro está na manipulação e na garantia que vem com o tocar. Que o fiel que ainda lê Bíblia se lembre que muita gente se acotovelava para tocar em Jesus, mas não foi tocada nem curada. Uma piedosa e discreta enferma tocou-lhe no manto e foi ouvida. (Lc 8,43-48) Toque discreto de crente! PADRE ZEZINHO

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