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domingo, 26 de junho de 2011

A exegese católica de MT 16,18-19

Uma das principais contestações que os protestantes fazem contra a Igreja Católica é sobre a interpretação de Mt 16,18-19 onde Jesus diz "...Tu é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja...". o protestantismo histórico demorou muito tempo para reconhecer que Pedro é realmente a pedra a que o texto se refere.
Os protestantes afirmam existir duas possíveis interpretações: Primeiro, que Jesus está simplemente afirmando, ou reafirmando a fé de Pedro, dizendo que ela é sólida como uma pedra.
Sendo a soteriologia do movimento protestante baseado sobre a "Sola Fide" (somente pela fé), Pedro se encaixaria perfeitamente nesta esta visão pela sua profissão de fé.
Segundo, dizem que o próprio Jesus é a pedra, e não Pedro. Os protestantes, proclamando que na Bíblia a metáfora "pedra" é invariavelmente utilizada em referência a Cristo, não aceitam que a um simples homem seja dado algo atribuído a uma divindade.
Para afirmar estas opiniões, pensadores protestantes ainda tocam no ponto da interpretação de alguns Padres da Igreja. Por exemplo, é verdadeiro que em alguns escritos de Santo Agostinho, ao menos duas visões sobre a pedra podem ser encontradas. Vários outros Pais da Igreja mostram uma ou mais interpretações. Dessa forma, devemos ser cuidadosos em acusar os protestantes de estarem inventando alguma coisa que não existia até o século 16.
Sob uma melhor apreciação, contudo, encontramos nos Pais da Igreja a afirmação de que Pedro é a pedra citada em Mt 16,18. Mesmo os poucos que não afirmavam tal não viam problema no primado de Pedro. Santo Agostinho, no qual encontramos pelo menos duas visões, iniquivocamente afirmou que a cátedra de Pedro é a suprema autoridade para a Igreja. Sua famosa afirmação - "Roma falou, causa encerrada" - ressou nos ouvidos dos católicos por um milênio e meio. Além do mais, é necessario que as pessoas entendam o contexto em que Agostinho estava escrevendo, assim como a autoridade teológica própria que ele possui para explicar as profundezas das verdades da fé. No fim de tudo, Agostinho era um fervoroso defensor do papado.
Interessantes evoluções na exegese de Mt 16,18-19 ocorreram no mundo protestante desde o início do século. Muitos autores protestantes chegaram à conclusão de que Pedro é de fato a pedra que Jesus refere. Renomandos teólogos protestantes como Oscar Cullman e Herman Ridderbos escreveram volumosos tratados detalhando finamente a exegese de Mt 16,18, mostrando que a interpretação protestante clássica é cheia de deficiências e falsas conjecturas. Um dos maiores erros apontados por estes autores é a hipótese protestante de que o original grego da Bíblia em Mt 16,18 faz uma dinstinção léxica entre Pedro (petros) e pedra (petra). Entende-se por Petra como uma pedra pequenam enquanto que Petra é uma grande e imóvel pedra, um sólido rochedo. Conclusão: Pedro não pode ser a pedra que Jesus refere, porque é lógico que uma pequena pedra não é uma grande e sólida rocha. Com as recentes descobertas da etmologia grega, entretanto, estudiosos protestantes entenderam que Petrus e petra são verdadeiramente termos intercambiáveis. Ainda que desejasse colocar um jogo de palavras, o autor do Evangelho estava simplesmente limitado pelo fato de que, sendo Pedro um nome masculino, deveria ser designado por outro nome grego no masculino - Petrus - enquanto que Petra é um substantivo feminino.
O grego, entretanto, não foi a língua original do Evangelho de Mateus, pois muitos Padres da Igreja (Irineu, Eusébio, Jerônimo, Epifênio e etc.) indicam que o Evangelho de Mateus fora orginalmente escrito em hebraico/aramaico. A versão grega de Mateus deve, portanto, ser a tradução do original hebraico. Ainda, sabe-se que Jesus falava em um dialeto hebraico chamado aramaico. E isto é muito significante, porque o aramaico não possui formas diferentes para "Pedro" e "pedra" como possui a língua grega, tendo sido utilizada a forma "kepha" (traduzido como "Cefas" em Jo 1,42, onde Jesus, falando em aramaico, compara kepha com o grego petrus). Também é interessante notar que "Simão" em aramaico significa "grão de areia". Se petrus está se referindo somente a uma pequena pedra, como dizem alguns protestantes, não haveria sentido Jesus ter trocado seu nome de "grão de areia" para "pequena pedra", o que contrasta fortemente com a monumental mudança e evolução do perfil de Pedro atestanto em Jo 1,42 e Mt 16,18.
Mesmo que o grego não tenha sido a língua em que Mateus escrevera seu Evangelho, pode ser demosntrado que pelo uso do grego bíblico que petra não se refere somente a uma grande e firme rocha. Também pode se referir a outras formas ou mesmo a pequenas rochas. Por exemplo, em Rm 9,33 e em 1 Pd 2,8 a palavra grega "lithos" (pequena pedra) está ligada a petrus na imagem de fazer um homem tropeçar e cair. O verso do Antigo Testamento de onde estes são retirados é de Is 8,14: "Ele será um santuário e uma pedra contra a qual se esbarra, um rochedo em que se tropeça". A imagem é a de uma homem que caminha, tropeça em uma pedra ou uma pequena rocha e então cai no chão. Não se parece com a imagem de uma grande rocha vindo em sua direção ou aparecendo no seu caminho. Paulo se refere ao tropeço em Rm 9,32, e ninguém poderia tropeçar em uma grande e maciça rocha.
Consequentemente, sendo que petrus e petra podem se referir tanto a uma pequena como uma grande pedra, é provável que Jesus não esteja preocupado em matéria de tamanho quando chama a Pedro de pedra, mas estar se referindo à solidez.
Este raciocínio se sustenta pela parábola de Mt 7,24-27 sobre o homem que contrói sua casa sobre a areia em contraste com o que a constrói sobre a rocha. Sobre o "grão de areia" (Simão) a Igreja não se sustentaria, mas sobre a "rocha" (Pedro) será firme.
Por causa desta e de outras descobertas, está se tornando cada vez mais raro encontrar um pensador protestante que não aceite a visão católica de Mt 16,18.
E estes protestantes se converteram? Alguns sim, mas dentre outras coisas, o que mais existe de dificuldade para estes protestantes é a capacidade deste ofício de Pedro ser transmitido adiante. Para explorar esta questão, recorremos mais uma vez à língua grega.
Existem nuances no grego que são mais ilustrativas em identificar Pedro com a pedra que não existem no hebraico/aramaico. Por exemplo, o grego para "sobre esta pedra" usa a forma "tautee" - adjetivo demonstrativo de desinência dativa - com o adjetivo dativo "tee". Para demonstrar a força de sua qualidade demonstrativa, a palavra grega pode ser traduzida por "esta mesma" ou "justamente esta" "igualmente esta". Assim, as palavras de Mt 16,18 podem ser lidas como "...Tu és Pedro e sobre esta mesma pedra edificarei a minha Igreja..." ou "...Tu és Pedro e exatamente sobre esta pedra edificarei a minha Igreja...".
Para perceber que a frase grega pode ser utilizada desta mesma forma, basta utilizar uma tradução protestante do Novo Testamento. Por exemplo, na King James, a mesma construção dativa é traduzida por "a mesma" ou "esta mesma" como em 1 Cor 7,20 ("Cada um permaneça na mesma condição em que fora chamado"). Também pode ser traduzindo como "nesta mesma", como em Mc 14,30 ("Neste dia, ainda nesta mesma noite...me negarás três vezes"). A NASB (New Americam Standard Bible) traduz este adjetivo demonstrativo como "este exato" em Lc 12,20 ("...Nesta exata noite exigirão de ti a tua alma"). A mesma forma se encontra na NIV (New International Version) e na NEB (New English Bible). A RSV (Revised Standard Bible) e a NASB traduzem esta construção dativa como "nesta mesma" como ocorre em At 27,23 ("...Nesta mesma noite apareceu-me um anjo de Deus"). Existem outros exemplos em traduções protestantes, mas estas se monstram suficientes para demonstrar que é muito provável, de fato, e mais correto, traduzir Mt 16,18 mais enfaticamente do que na sua forma usual. Além do mais, o que se deve prestar atenção não é só no que o autor disse, mas no que ele não disse. Ele não disse "sobre A pedra" ou "sobre UMA pedra", o que tornaria muito mais ambígua a identificação da pedra em questão. A intenção demonstrativa demonstrada pelo uso do grego "tatuee" torna claro que a pedra que Jesus refere é exatamente a pedra a quem ele havia se referido, isto é, Pedro.
RCH Lenski, um comentarista luterano renomado, sugere que Jesus poderia ter dito "Tu és Pedro, e edificarei minha Igreja sobre ti" se quisesse se referir a Pedro. Isto é plausível, mas existem várias maneiras de se dizer a mesma coisa nas diversas línguas humanas.
Entretanto, Lenski evita o gênero histórico e literário em sua sugestão. Os apóstolos estavam nas vizinhanças de Cesaréia de Felipos, que é constituída de maciças formações rochosas naturais. Jesus já havia alterado o nome de Simão para Pedro (Jo 1,42). Jesus e Pedro tiveram uma intensa conversa na qual trocaram títulos (Mt 16,13-18).
Somente a Pedro Jesus deu as Chaves do Reino (Mt 16,19). Que modo mais profundo haveria de ser para atestar a declaração de Pedro como a pedra?
De fato, muitos protestantes percebem tamanha força contida neste gênero que alegam, na tentativa de anular a visão católica, que a passagem de Mt 16,18-19 não é autêntica.
Ironicamente, em uma carta parabenizando o teólogo católico Hugo Ranher sobre a sua grandiosa crítica ao livro de Hans Küng questionando a infalibilidade papal, Bultmam disse: "Quão afortunado você deve ser para apelar para o Papa. Apelar para os sínodos luteranos somente leva a mais desunião".
Devemos acrescentar que a Vulgata Latina, escrita por São Jerônimo no quinto século, traduz a frase supramencionada como "hanc petram" no qual "hanc" pode ser traduzida como "esta mesma" em latim. Sob a ótica de Jerônimo, isto deveria ser bastante significativo, pois ele era um "expert" em grego, aramaico e hebraico.
Aos protestantes que já aceitam a interpretação católica de Mt 16,18-19 basta apenas entender a capacidade deste primado ser sucedido.
A lógica irá ditar que, se Jesus concedeu autoridade a Pedro sobre certas questões (isto é, o deu as chaves, que denotam autoridade e poder), esta autoridade deveria naturalmente permanecer no seio da Igreja.
Jesus nada faz sem planejar para o futuro. Senão, que sentido haveria em Jesus ter decretado tamanha autoridade a Pedro se não soubesse que após a morte do discípulo ela deveria permanecer?
Imaginem os relatores da constituição dos EUA criando o cargo de presidente e elegendo George Washington como seu primeiro ocupante, enquanto todos refletiam que o cargo seria dissolvido após a morte de Washington. Isto é uma proposição extremamente absurda. Seriam os relatores da Constituição mais espertos que Jesus? Com certeza não. Eles estavam apenas imitando o que já acontecia ao longo da história - que uma pessoa assume o poder, mas passa adiante seu ofício após sua retirada. Mas isto é um grande assunto que requer ainda maiores análises...
Robert A. Sungenis lecionava aulas de rádio de teologia protestante e se converteu ao catolicismo em 1992.
Tradução do Veritatis Splendor por Rondinelly Ribeiro.

FONTE ELETRÔNICA:

http://www.veritatis.com.br/apologetica/artigospapaprimado/823-a-exegese-catolica-de-mt-1618-19

A Doutrina Importa?

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A Doutrina Importa?
Sim, a doutrina importa. Alguns têm dito que a doutrina não importa desde que "se peça a Jesus em seu coração". Contudo esta afirmação não concorda com a Bíblia. Em Sua oração no Jardim das Oliveiras (Jo 17), Jesus rezou para que todos fossem um. Isto quer dizer: em proposta, amor e doutrina. Na carta de São Paulo aos Gálatas, ele escreve:
"Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição , discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus" (Gal 5,19-21).
A palavra "partidos" é traduzida aqui e ali como "heresias", que é a transliteração da palavra grega latente. Paulo iguala heresia e dissensão com idolatria e imoralidade. Diz que heréticos não herdarão o Reino de Deus, tanto quanto uma pessoa idólatra ou sexualmente imoral. Paulo usa palavras muito fortes. A Timóteo, Paulo escreveu:
"Quem ensina de outra forma e discorda das salutares palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, bem como da doutrina conforme à piedade, é um obcecado pelo orgulho, um ignorante (e não entende nada"). (1Tim 6,3-4).
Para citar Lutero, "nada é senão algo mesquinho". Paulo fala acerca de não compreender senão algo mesquinho. Paulo diz que eles não entendem "nada" - nada sobre Cristo. Há mais de 20.000 denominações protestantes. Por que o que umas ensinam como verdade, outras ensinam como erro?
Sua igreja vem ensinando a mesma doutrina há 2.000 anos? Ou é uma divisão de uma divisão, de uma divisão "ad nauseam", que ensina sua própria interpretação que não tem fundamento na Cristandade histórica? Como um apêndice: onde a Bíblia diz que nós devemos pedir a Jesus dentro de nosso coração?
Fonte: Site "Glory to Jesus Christ!". Tradução: José Fernandes Vidal.

FONTE ELETRÔNICA:
http://www.veritatis.com.br/apologetica/protestantismo/705-questionando-os-protestantes-ix

Alguns versículos que os protestantes esqueceram de ler em suas bíblias

Segue abaixo alguns dos versículos bíblicos que os protestantes esqueceram de ler em suas bíblias ou que fazem a questão de distorcê-los deliberadamente para manter seus erros doutrinários:

  • Sola Scriptura (Somente a Bíblia)
      A idéia fundamental da reforma protestante é a de que apenas a Bíblia é a única regra de fé. Entretanto, a própria Bíblia não suporta essa crença...
    • Jesus fala ou revela verdades que não se encontram na Escritura: Mt 2,23; At 20,35; Tg 4,5.
    • Nem tudo está na Bíblia: Jo 21,25.
    • O grande mandamento de Cristo é pregar e não escrever: Mt 28,19-20.
    • Os cristãos primitivos seguiam a tradição apostólica: At 2,42.
    • São Paulo reconhece autoridade à tradição oral: 1Ts 2,13; 2Ts 2,15; 2Tm 2,2; 1Cor 11,2.

  • Sola Fide (Somente a Fé)
      Martinho Lutero, querendo evitar a importância de se fazer boas obras, promoveu a idéia de que apenas a fé é responsável pela salvação. A Igreja, porém, sempre ensinou que a fé, a esperança e o amor (caridade) são necessários para a salvação. O único lugar em que a expressão "apenas a fé" aparece na Bíblia está em Tg 2,24, onde o autor declara que Abraão não foi salvo apenas por sua fé.
    • As obras têm méritos: Fl 2,12; 2Cor 5,10; Rm 2,6; Mt 25,32-46; Gl 6,6-10.
    • Devemos evitar o pecado: Hb 10,26.
    • Devemos fazer o desejo de Deus: Lc 6,46; Mt 7,21; 19,16-21; 1Tm 5,8.
    • Devemos guardar os mandamentos: 1Jo 2,3-4; 3,24; 5,3.
    • Obtém o perdão dos pecados: Tg 5,20.
    • Que proveito tem a fé sem as obras?: Tg 2,14-26.
    • São Paulo se auto-disciplina para evitar perder a salvação: 1Cor 9,27.

  • Livros Deuterocanônicos (chamados de "Apócrifos" pelos protestantes)
    • Os deuterocanônicos foram usados no Novo Testamento: 2Mc 6,18-7,42 : Hb 11,35; Sb 3,5-6 : 1Pd 1,6-7; Sb 13,1-9 : Rm 1,18-32.
    • A versão da Septuaginta (Antigo Testamento grego com os deuterocanônicos) é citada em partes onde difere da versão hebraica: Is 7,14 : Mt 1,23; Is 40,3 : Mt 3,3; Jl 2,30-31 : At 2,19-29; Sl 95,7-9 : Hb 3,7-9.

  • Batismo de Crianças
    • A Bíblia sugere o batismo de toda uma casa, o que inclui as crianças: At 2,38-39; 16,15.33; 1Cor 1,16.
    • A circuncisão (normalmente feita em crianças) foi substituída pelo batismo: Cl 2,11-12.
    • O batismo é necessário para a salvação: Jo 3,5.

  • Papado/Infalibilidade
    • A cátedra de Moisés como autoridade de ensino: Mt 23,2.
    • A igreja edificada sobre os apóstolos e profetas: Ef 2,20.
    • As chaves são símbolo de autoridade: Is 22,22; Ap 1,18.
    • Pedro é sempre mencionado em primeiro, antes dos dos demais apóstolos: Mt 10,1-4; Mc 3,16-19; Lc 6,14-16; At 1,13; Lc 9,32.
    • Pedro fala pelos apóstolos: Mt 18,21; Mc 8,29; Lc 12,41; Jo 6,69.
    • Pedro foi o primeiro a pregar durante o Pentecostes: At 2,14-40.
    • Pedro realizou a primeira cura: At 3,6-7.
    • Pedro recebeu a revelação de que os gentios deveriam ser batizados: At 10,46-48.
    • Simão é chamado de Cefas (aramaico: Kepha = Pedra): Jo 1,42.
    • Vicário de Cristo: Lc 10,1-2.16; Jo 13,20; 2Cor 5,20; Gl 4,14; At 5,1-5.
    • "Apascenta as minhas ovelhas": Jo 21,17.
    • "Simão, confirma os teus irmãos": Lc 22,31-32.
    • "Sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja; [...] Te darei as chaves do céu; [...] Tudo que ligares e desligares: Mt 16,18-19.

  • Irmãos de Jesus?
      O Cristianismo tradicional afirma que Jesus é o único filho de Maria. As citações aos "irmãos do Senhor" se referem a outros membros da família e, em alguns casos, aos seus próprios discípulos.
    • Maria, esposa de Cléofas e irmã da Virgem Maria (Jo 19,25) é a mãe de Tiago e José (Mc 15,47; Mt 27,56), que são chamados de "irmãos do Senhor" (Mc 6,3).
    • Em At 1,12-15, vemos que os Apóstolos, Maria, algumas mulheres e os irmãos de Jesus totalizam aproximadamente 120 pessoas, o que é um número muito alto de irmãos.
    • Gn 14,14: Lot, sobrinho de Abraão (cf. Gn 11,26-28), é chamado de irmão de Abraão.
    • Gn 29,15: Labão, tio de Jacó, chama Jacó de seu irmão.
    • Jo 19-26-27: Jesus entrega Maria aos cuidados de seu discípulo João e não a um de seus supostos irmãos.

  • Os Santos
    • A transfiguração - onde está descrita a morte de Moisés e Elias?: Mt 17; Mc 9.
    • Corpo de Cristo: 1Cor 12,25-27; Rm 12,4-5.
    • Deus não é o Deus dos mortos, mas dos vivos: Mc 12,26-27.
    • Intercessão de Moisés e Samuel: Jr 15,1.
    • O aviso é para não evocar os mortos, mas os santos podem ser invocados pois estão vivos para Deus: Dt 18,10.
    • Oração intercessória: Ef 6,18; Rm 15,30; Cl 4,3; 1Ts 1,11.
    • Os falecidos Onias e Jeremias intercedem pelos judeus: 2Mc 15,11-16.
    • Os santos estão unidos com Deus: 1Cor 13,12; 1Jo 3,2.
    • Os santos são reerguidos na ressurreição e circulam por Jerusalém: Mt 27,52; Ef 2,19.
    • Veneração de anjos unidos com Deus: Js 5,14; Dn 8,17; Tb 12,16; Mt 18,10.

  • As Imagens
    • Deus ordena a confecção de imagens: Ex 25,18-22; Nm 21,8-9.
    • Salomão constrói o Templo com estátuas e imagens: 1Rs 6,23-29.35; 7,29.

  • Você já está salvo?
    • 1Cor 10,12 - "Assim, pois, aquele que julga estar de pé, tome cuidado para não cair".
    • Mt 19,16-17 - "Aí alguém se aproximou dele e disse: 'Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?' Respondeu [Jesus]: 'Por que me perguntas sobre o que é bom? O Bom é um só. Mas se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos'".
    • Lc 10,25-28 - "E eis que um doutor da lei se levantou e disse para experimentá-lo: 'Mestre, que farei para herdar a vida eterna?' Ele disse: 'Que está escrito na Lei? Como lês?'. Ele então respondeu: 'Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e de todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo'. Jesus disse: 'Respondeste corretamente; faze isso e viverás'".
    • Jo 5,24 - "Em verdade, em verdade vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não vem a julgamento, mas passou da morte à vida".
    • Jo 6,54 - "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia".
    • Mt 10,22 - "E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo".
    • Mc 16,16 - "Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado".
    • Jo 3,5 - "Respondeu-lhe Jesus: 'Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus".

  • Traduzido por Carlos Martins Nabeto

    FONTE ELETRÔNICA:
    http://www.veritatis.com.br/apologetica/protestantismo/1023-alguns-versiculos-que-os-protestantes-esqueceram-de-ler-em-suas-biblias

    A Ceia do Senhor é Apenas Simbólica?

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    A Ceia do Senhor é Apenas Simbólica?
    Em uma palavra: Não.
    Se há uma doutrina da Igreja histórica que tem sido firme durante dois milênios, é a da presença real de Cristo na Eucaristia (a Ceia do Senhor). Mas essa posição histórica não é como canibalismo? Se você pensa assim, não está sozinho. De fato, quando Jesus falou:
    "Eu sou o pão da vida. Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram. Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu der, é a minha carne para a salvação do mundo" (Jo 6,48-51).
    Muitos dos ouvintes ficaram estarrecidos. Ouviram com seus próprios ouvidos que Jesus disse que eles deveriam comer Sua carne. Depois de escutar isso, e interrogando-se uns aos outros, Jesus acaso disse aos ouvintes: "Desculpa, Eu estava falando simbolicamente..."? Não, ao invés disso, Ele foi ainda mais direto:
    "Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida" (Jo 6 55).
    Após dizer isto, muitos daqueles que o haviam seguido ficaram desapontados. Se fosse um simples mal entendido, por que Jesus não emendou suas palavras para torná-las claras? A verdade é que Jesus estava sendo claro, cristalinamente claro. O povo entendeu seu significado, mas não o pôde aceitar. No que acreditou a Igreja Apostólica sobre este assunto? São Paulo escreveu:
    "O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo?" (1Cor 10,16)
    Em lugar de "comunhão" outras traduções usam a palavra "participação". Por que o apóstolo não explicou e disse que isso era meramente simbólico? Mais tarde, ele diz:
    "Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação." (1Cor 11,29)
    Se é um simples símbolo, por que a linguagem sobre "distinguir o corpo do Senhor"? Finalmente, vejam os seguintes Padres da Igreja: Inácio de Antioquia (ano 110), Justino mártir (ano 151), Ireneu de Lião (ano 189), Ambrósio (ano 390), Agostinho (ano 411); todos eles fazem eco ao que a Igreja Apostólica sempre ensinou: o Corpo de Cristo e seu sangue estão presentes na Eucaristia. Não foi senão na Reforma que este assunto foi posto em discussão, com Lutero acreditando na presença física de Cristo na Eucaristia, Calvino acreditando na presença espiritual de Cristo na Eucaristia, e Zwínglio chamando-a apenas de um "memorial". O que é mais verdadeiro: o consistente ensinamento da Igreja, durante dois milênios, ou as opiniões conflitantes dos três Reformadores?
    A presença real de Cristo na Última Ceia é uma doutrina fundamental cristã que consta nas Escrituras e foi ensinada permanentemente através da história.
    Fonte: Site "Glory to Jesus Christ!". Tradução: José Fernandes Vidal.

    FONTE ELETRÔNICA:
    http://www.veritatis.com.br/apologetica/protestantismo/700-questionando-os-protestantes-v

    Deus, o Legislador de todas as leis

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    Na década de 60, entra em funcionamento o Centro Espacial de Godhart da Nasa, no estado de Maryland. Seu objtivo era cumprir instruções do presidente dos Estados Unidos, que desejava lançar o homem à lua. Para isto realizaram várias missões espaciais preparatórias, com objetivo de obter informações importantes para concluírem o projeto com êxito.
    Os cientistas viviam conferindo a posição do Sol, da Lua e dos plantetas no espaço sideral, calculando onde estes astros estariam dentro de 100 e de 1000 anos. As trajetórias dos asteróides e meteoros conhecidos, também foram examinadas, para se evitar um possível colisão do foguete com estes corpos celestes. As órbitas dos satélites foram traçadas em relação à localização dos corpos celestes, também para se evitar uma colisão no tráfego espacial.
    Quando as medições do computador iam e vinham através dos séculos, chegou-se a um ponto em que o computador indicou que algo estava errado. O computador indicou que as informações introduzidas e os resultados obtidos, não estavam de acordo.
    Os cientistas revisaram as informações do computador e não acharam erro. Mas, novamente o computador acusava um erro nos resultados obtidos. Então foi convocado o setor técnico de informática para uma verificação cuidadosa na máquina, e para a surpresa dos cientistas, o computador estava em perfeita ordem. O que estava errado?
    O computador acusava que estava faltando um dia em algum ponto percorrido nos séculos. Os cientistas novamente revisaram os dados e estava tudo correto. Chegaram a um impasse... Faltava um dia na história do universo.
    Neste momento um colega de equipe disse que a Bíblia relatava um fato de um dia em que o Sol parou. Seus amigos riram dele. O rapaz conseguiu uma Bíblia e leu para seus amigos, uma passagem bíblica em que Deus dá vitória a Josué (líder dos judeus, sucessor de Moisés), num batalha contra os reis amorreus. Neste relato Josué ora a Deus dizendo: "Sol, fique parado sobre Gibeão! Lua, para sobre o vale de Aijalom" - "O Sol ficou parado, e a lua também parou, até que o povo se vingou dos seus inimigos. Estas palavras estão escritas no livro do Justo. O Sol ficou parado no meio do céu e atrasou sua descida por quase um dia inteiro" (Josué 10,12-13).
    Os cientistas da Nasa ficaram perplexos diante do relato bíblico. Conferiram os computadores, percorreram então o caminho de volta até o tempo em que Josué derrotou os reis amorreus. Descobriram que o dia de Josué, sofrera um atraso de 23 horas e 20 minutos, e não um dia completo. E consultando o texto bíblico verificaram que estava escrito: " O Sol ficou parado no meio do céu e atrasou sua descida por quase um dia inteiro".
    Mas ainda faltavam 40 minutos, e eram extremamente significativos, quando multiplicados muitas vezes no cálculo das órbitas. O mesmo rapaz se lembrou que há na Bíblia um outro relato onde diz que o Sol andou para trás. E consultando a Bíblia acharam a passagem de 2Reis 20, que relata que o Rei Ezequias em seu leito de morte, recebeu a visita do profeta Isaías e este lhe dissera que não iria morrer, mas Deus ia curá-lo e dentro de três dias estaria em condições de ir ao templo, e que Deus lhe prometera mais quinze anos de vida. O texto sagrado nos conta que, a notícia era tão boa que Ezequias não podia crer. Pediu então um sinal como prova da palavra de Deus. Então o profeta lhe disse: "Isto te será sinal, da parte do Senhor, de que o Senhor cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus ou voltará graus?". E Ezequeis respondeu: "É fácil que a sombra decline dez graus; não seja assim, mas volte a sombra dez graus atrás.E a Bíblia relata que: "Então Isaías clamou ao Senhor, e ele fez a sombra voltar dez graus atrás, pelos graus que já tinha declinado no relógio de sol de Acaz." (2Reis 20,9-11).
    Este retrocesso do Sol representa exatamente os 40 minutos que ainda faltavam para que os computadores da NASA, completassem o dia que estava faltando.
    * publicado originalmente no extinto site Ictis.

    FONTE ELETRÔNICA:

    http://www.veritatis.com.br/apologetica/ciencia-e-fe/1109-deus-o-legislador-de-todas-as-leis

    sexta-feira, 24 de junho de 2011

    A cegueira na inteligência dos protestantes

    Seg, 12 de Abril de 2004 14:36 Alessandro Lima/Marcus Pimenta
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    Me entristeço cada vez mais quando troco email com irmãos protestantes acerca das coisas da fé. Os argumentos deles continuam baseados em "achismos", teses fantásticas, ginásticas mentais e outros tantos recursos que uma mente obscurecida da razão se utiliza para fundamentar o infundamentável e defender e o indefensável.
    Vejamos alguns exemplos desta loucura:
    - Embora os cristãos que ouviram a pregação do Evangelho da boca dos próprios Apóstolos, foram seus seguidores e discípulos, tenham deixado para nós o testemunhho da fé da Igreja Primitiva, eles preferem o testemunho dos Reformadores que nasceram 1500 anos depois e que nem conheceram os Apóstolos.
    - Embora mostremos através de documentos históricos, escritos antigos, que a Igreja Católica sempre teve autoridade para definir questões de fé e moral para todos os cristãos (um exemplo são as definições dos Concílios Ecumênicos) , eles dizem que somente a Bíblia possui esta autoridade, como podem dizer isto, quando sabem que foi a Igreja Católica que definiu a Bíblia através da autoridade que eles dizem que a Igreja não tem?
    - Todos já ouviram falar sobre os Concílios Ecumênicos (eram as reuniões dos Bispos do mundo inteiro para tratar de alguma divergência doutrinária surgida no ceio da Igreja) e sabem que a Igreja Antiga utilizava dos Concílios para resolver questões de fé e moral. No entanto alegam que a Igreja não tem qualquer autoridade para defnir questões de fé e moral, que isto é papel da Bíblia, sabendo que esta foi definida nos Concílios Ecumênicos pela Autoridade que dizem que a Igreja não tem.
    - Alegam (de forma totalmente arbitrária) que a Igreja Católica definiu a Bíblia nos Concílios para fazer dela a única Regra de fé e não aceitam 7 livros do AT que constam na Bíblia que a Igreja definiu.
    - Para os protestantes históricos, as confissões protestantes históricas possuem autoridade para definir seu corpo doutrinário, mas a Igreja Católica que sempre definiu questões de fé e moral para todos os cristãos, como foi muito bem registrado na história dos Concílios, não tem esta autoridade.
    - Consideram a Igreja Católica traídora do Evangelho e quando vivem dentro do Protestantismo uma verdadeira Babel Bíblica.
    - Alegam que a Igreja deve ser sempre legitimada pela Bíblia quando sabem que a legitimação da Bíblia dependeu da Igreja.
    - Sabem que desde o Concílio Regional de Hipona (393 d.C) e do Concílio Ecumênico de Cartago (431 dC) a Igreja Católica reconhece os livros 7 livros deuterocanônicos do AT como canônicos, mas continuam afirmando que a Igreja incluiu estes livros na Bíblia durante o Concílio de Trento.
    - Sabem que os 7 livros deuterocanônicos do AT constam na Bíblia de Guttember (primeiro livro impresso da história. 1460 dC) que é anterior à Reforma, e dizem que estes livros nunca estiveram na Bíblia e que foram incluídos pela Igreja durante o Concílio de Trento.
    - Embora alguns tenham a oportunidade de conhecer os escritos dos primeiros cristãos e que 90 % destes escritos dêem testemunho de que a Tradição dos Apóstolos e o Magistério da Igreja sempre foram considerados também como Palavra de Deus, preferem ficar com os 10% que aparentam fundamentar a fé na Sola Scritpura.
    - Embora demonstremos que qualquer ponto doutrinário da fé católica apresenta seu paralelo na fé da Igreja Primitiva (mostrando a fé Primitiva através dos escritos dos primeiros Cristãos), preferem ficar com o que entenderam da Bíblia e ainda alegam que este entendimento é a autência fé Primitiva.
    Quem lê os itens acima vai pensar que é coisa de doido, mas eu acho isso náo é doidice não... é bem mais grave. Me lembra algo que aconteceu no tempo do Profeta Isaías:
    "O boi conhece o seu possuidor, e o asno, o estábulo do seu dono; mas Israel não conhece nada, e meu povo não tem entendimento." (Is 1,3)
    Algo fechou o entendimento de nossos irmãos protestantes para a Verdade. Faz-se oportuno aqui transcrever um trecho de uma bela obra:
    "A naja é uma serpente terrível. Ela cospe seu veneno a dois metros de distância. Apontando para os olhos da vítima, cega-a, temporária ou definitivamente, e assim essa se torna presa fácil.
    Desde as nossas origens, a serpente tem o triste privilégio de representar o demônio, em razão da malícia e da mordida mortal que a caracteriza. Parece no entanto que, passados alguns séculos, a técnica demoníaca evoluiu. Não contente em nos morder o calcanhar, como a víbora, descobriu um veneno que nos cega. A víbora tornou-se naja. Vejamo-lo.
    No início do Cristianismo, o demônio atacava a fé suscitando heresias. Mas a Igreja valeu-se dessas negações fazendo delas ocasiões para proclamar seus dogmas, ainda com mais clareza. "Oportet haeresses esse", é preciso [conveniente] que haja heresias (1 Cor. 11, 19). Para fazer surgir almas e uma Igreja negadoras do objeto da fé, seria preciso cegar a inteligência humana, tornar-lhe impossível qualquer contato com o verdadeiro. Assim fazendo, a fé se diluiria no relativismo, as almas se perderiam sem o saber.
    Como é fácil de constatar, o atentado obteve êxito.
    Quem nunca fez a seguinte experiência: falar durante uma hora com uma pessoa com o propósito de levá-la de volta à Igreja; argumentar com toda a sabedoria; responder claramente a todas as suas objeções; e, no entanto, ouvi-la dizer ao desperdir-se: "Tudo o que você disse é interessante, mas é a sua verdade. O que importa é estar bem onde nos encontramos"? Ou: "Muito bem... tudo isso é verdade... no passado".
    Essas reflexões revelam um mal profundo e universal. De fato, dizer que a verdade é subjetiva é atentar contra a nossa própria inteligência, na sua estrutura íntima e nos seu exercício natural. É interditar qualquer conhecimento verdadeiro.
    Nesta análise, seguiremos o Papa S. Pio X na sua Encíclica Pascendi (8 de dezembro de 1907). Sua Santidade enxergou numa falsa teoria do conhecimento - o agnosticismo - o ponto de partida do modernismo (§6). E assim resume suas causas: "Trata-se da aliança da falsa filosofia com a fé [cega], as quais, ao se misturarem, formam uma massa [densa, opaca, gigantesca e mostruosa] cheia de erros, danificando o sistema da fé" (§58).
    Entre os remédios contra o modernismo, S. Pio X destaca, como "o melhor", "o ensino da filosofia que nos legou o Doutor Angélico" (Santo Tomás). E advertiu os professores "de que desprezar Santo Tomás, sobretudo nas questões metafísicas, traz prejuízos graves" (§63). ".
    (A VERDADE , Ir. Jean-Dominique, O.P., Edições Santo Tomás, 2003.)
    Aí está, meus irmãos, o drama moderno que nós vivemos. Como falar a alguém que está lesado no seu "DNA da inteligência"?
    Mais uma vez, tenho que dar razão ao meu amigo e professor Carlos: "Onde não há virtudes naturais a graça não pode operar".

    FONTE ELETRÔNICA:
    http://www.veritatis.com.br/apologetica/protestantismo/778-a-cegueira-na-inteligencia-dos-protestantes

    As curas do "Dr. Fritz"

    É bastante incrível, e muito mais lamentável ainda, que haja pessoas teimando em acreditar nas "curas" do Dr. Fritz, ou melhor dos "Doutores Fritz", já que o fantasminha camarada até hoje não se decidiu qual o seu médium favorito. Ora, a entidade "se incorpora" em fulano de tal, ora em beltrano, e por aí vai. O mais incrível é a eficiência: considerando que os três prediletos do Dr. Fritz no Brasil moram há quilômetros de distância entre si, e atendem diariamente ao público, é de se ficar imaginando como o bom fantasma faz para driblar estes obstáculos. Nem mesmo o famoso "jeitinho brasileiro" chegaria a tanto.
    Igualmente intrigante é que, apesar de tanta popularidade, ninguém saiba nada a respeito da vida do famoso médico alemão: onde nasceu, em que cidades morou, quem foram seus parentes, em que universidade se formou... Tudo o que se sabe é isso: um alemão de nome Fritz, algo tão incomum como um brasileiro de nome Francisco ou José. Nem mesmo "Mister M" possui um passado tão bem escondido. Até a vida do Salman Rushdie (autor de "Versos Satânicos" , e que vive escondido temendo a fúria muçulmana) se apresenta mais clara que a do nosso Dr. Fritz.
    O pior é que, ultimamente, quando aparece alguma notícia ligada a tão singular figura é justamente nas páginas policiais. Observe-se, p. ex., esta reportagem extraída do "Jornal da Tarde" em 27 de maio de 2000:
    Justiça decreta prisão do `Dr. Fritz'
    O juiz presidente do 1º Tribunal do Júri, José Ruy Borges, recebeu ontem denúncia do promotor Fernando Pastorelo Kfouri contra o médium Rubens de Faria Júnior, que diz incorporar o espírito do "Dr. Fritz", e decretou sua prisão preventiva.
    O promotor acusa Faria, que está foragido e envolvido em outros inquéritos, de ter antecipado a morte de Vanessa de Biafi, que sofria de leucemia. A vítima foi convencida pelo médium a abandonar tratamento médico no Hospital das Clínicas, com a promessa de "cura miraculosa" em suas sessões.
    Ao preço de R$ 20 cada uma, as sessões aconteceram em um galpão na Rua dos Patriotas, no Ipiranga, de 25 de julho de 1997 até 14 de agosto do ano seguinte. No último atendimento, Vanessa sentiu-se mal e foi internada no Hospital Leão XIII, onde faleceu três dias depois.
    O juiz marcou o interrogatório do médium, caso ele venha a ser preso até lá, para o próximo dia 30 de junho.

    Se já é revoltante saber o quanto os médiuns espíritas prejudicam suas vítimas com os crimes de charlatanismo, exercício ilegal da medicina e lesão corporal, muito pior é constatar casos como este, ou seja, em que paira uma acusação de homicídio. Até que ponto estes indivíduos vão continuar fugindo, ou usando de todo tipo de manobra judicial, é também de deixar qualquer um indignado.
    Caso fôssemos acrescentar aqui também sobre o prejuízo para as almas, em seguir os preceitos espíritas, pior ainda o resultado.
    No entanto, vamos nos limitar a uma simples pergunta: Por que a pobre Vanessa morreu ? A reportagem mostra: porque que sofria de leucemia e parou o tratamento tradicional, para ficar apenas recebendo os passes espíritas.
    Terrível. Boa parte dos médiuns espíritas não manda que o paciente pare o tratamento. Pelo contrário, sugerem aqueles que o fiel continue seguindo as recomendações médicas, mas que também receba alguns "passes" ou mesmo se submeta a uma "cirurgia espiritual". Os motivos aqui são óbvios: ainda que seja a medicina quem cure, sabe-se muito bem quem é que recebe as glórias da vitória. Além disso, o médium se arrisca menos.
    Mas há um outro aspecto que queremos destacar: a leucemia é uma doença essencialmente somática, corporal, que atinge a produção de leucócitos (glóbulos brancos).
    Não se trata, portanto, de uma doença psíquica, como uma neurose qualquer; ou mesmo de alguma doença psico-somática, como certos tipos de úlcera.
    Ora, quando o médium trata os seus pacientes, o máximo que ele pode fazer é curar ou aliviar a dor de algumas doenças destes dois últimos grupos (psíquica e psico-somática). Tal se dá, não porque "baixe" algum espírito, mas simplesmente por meio de um processo sugestivo que, obviamente, não teve efeito sobre a medula e os leucócitos de Vanessa.
    A psicologia e a parapsicologia são ricas em casos como este, em que o poder sugestivo do paciente, seja oriundo dele mesmo ou de algum fator externo, pode curar ou aliviar o seu sofrimento. É por isso que muitas vezes se fala em tratamento médico por hipnose, embora haja várias questões éticas envolvendo o tema. Nos piores tempos de crise da ex-URSS, houve médicos que, por falta de anestesia, chegaram a hipnotizar pacientes até para fazer cirurgias.
    No entanto, a eficácia de tais métodos por sugestão, como se pode notar, é restrito a certos casos e, mesmo assim, nem sempre apresenta a segurança e o resultado esperados.
    Mas vejamos, por exemplo, o caso de pessoas com problemas na coluna, tão comuns nos centros espíritas. Via de regra, o máximo que o médium consegue aí é tirar a dor do paciente. Se este possuir uma hérnia de disco ou mesmo outra deformidade mais grave, continuará com ela, embora não sinta mais dor. Tal situação é extremamente grave, pois, mais cedo ou mais tarde, o organismo pode reagir e talvez seja tarde demais, precisando o paciente se submeter a uma cirurgia (médica, e não espírita) de última hora.
    É por isso que não se vê, em contrapartida, um médium espírita que trate sequer de uma simples cárie dentária. De fato, ele pode até tirar a dor de dente, mas a mancha preta continuará ali, denunciando que o serviço não fora completo.
    Mas, além de tudo, porque os médiuns espíritas quando adoecem não procuram um de seus colegas para receber os "passes" ?
    Portanto, quando aparecer um padre, pastor, médium ou quem quer que seja, propagando os seus poderes de cura, sempre muito cuidado. Não precisamos de mais vítimas.
    Ah, e caso alguém encontre o Dr. Fritz por aí, peça-lhe que nos envie a biografia dele.
    Mas se o encontro for apenas com o médium Rubens de Faria, pode entregá-lo à Justiça mesmo.

    FONTE ELETRÔNICA:

    2 Tim 3,16-17 e a Sola Scriptura

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    Os defensores do princípio protestante da "Sola Scriptura" ("somente a Bíblia basta") estão com problemas...
    Se a doutrina da "Sola Scritura" fosse verdadeira, então seria possível provar todas as doutrinas baseando-se unicamente nas Sagradas Escrituras. Dessa forma, também seria possível provar que a "Sola Scriptura" encontra-se registrada na mesma Bíblia. Se isso, contudo, não puder ser feito, então a doutrina da "Sola Scriptura" estará refutada por si mesma.
    Por essa razão, há um grande interesse de se encontrar na Bíblia versículos que possam ser usados para provar a teoria da "Sola Scriptura". Essas tentativas geralmente são feitas por dois tipos de defensores da referida doutrina: os descuidados e os cuidadosos. O primeiro tipo, entretanto, parece ser a grande maioria...
    Os defensores da "Sola Scriptura", assim como muitos outros "defensores de meras idéias", não tomam o devido cuidado com o modo de fundamentar suas posições, e pressionam para que as coisas mais insignificantes lhe sirvam para provar que suas teorias são verdadeiras. Em outras palavras, os defensores descuidados da "Sola Scriptura" citam todo gênero de passagens irrelevantes como se estas fossem prova da referida doutrina.
    Citam, por exemplo, passagens dos Evangelhos onde Jesus, ao ser interrogado por seus inimigos sobre certo ponto doutrinário, lhes responde com alguma passagem do Antigo Testamento. Entretanto, essa classe de versículos só pode ser usada para provar que o Antigo Testamento possui autoridade doutrinária, mas não que seja prova da "Sola Scriptura", uma vez que Jesus nunca disse que apenas o Antigo Testamento possui autoridade doutrinária (neste caso, teríamos que admitir a doutrina do "'Solo' Antigo Testamento").
    Ora, quando Jesus cita o Antigo Testamento para provar certa doutrina, está apenas querendo mostrar que essa doutrina poderia ser provada por tal passagem do Antigo Testamento. Não significa, assim, que Ele tenha considerado que todas as doutrinas poderiam ser provadas pelo Antigo Testamento ou pela Bíblia em geral. Por isso, não surpreende ver Jesus respondendo aos seus inimigos apelando para a sua própria autoridade ou ainda para outras fontes extra-escriturísticas.
    A idéia de que Jesus - Palavra viva de Deus que veio trazer-nos uma nova revelação por meio de suas pregações e ensinamentos ? praticava e cria na proposição de que toda a doutrina deveria ser provada apenas pela Palavra escrita de Deus é absurda em si mesma. Apesar disto, os defensores descuidados da "Sola Scriptura" não deixam de citar os exemplos onde Jesus usa a Escritura para provar uma doutrina individual, como se provassem assim que a Escritura é capaz de dar validade à todas as doutrinas.
    De outro modo, os defensores cuidadosos da "Sola Scriptura" - aqueles que tentam limitar os versículos usados para fundamentar essa doutrina, deixando somente aqueles que têm como mais relevantes - são mais raros que "dentes de galinha". Só alguns reconhecem que deixam de lado um grande número de passagens irrelevantes... Na verdade, reconhecem que só uma ou duas passagens poderiam mesmo ser usadas para fundamentar a doutrina da "Sola Scriptura".
    A maior esperança estaria em 2Tim 3,16-17, que declara: "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para convencer, para corrigir e para educar na justiça. Assim o homem de Deus se encontra perfeito e preparado para toda boa obra".
    Quem recorre a esta passagem afirma que a primeira parte ("Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar") é suficiente para fundamentar a "Sola Scriptura". Algumas vezes a discussão ganha a forma de um apelo mais emotivo, ou seja, de que a expressão "Toda Escritura é inspirada por Deus" poderia ser melhor traduzida por "É exalada por Deus", passando a idéia de que os católicos não crêem que a Bíblia tenha sido escrita por inspiração verbal de Deus.
    Mas o uso desta primeira parte do versículo é infrutífero pois diz apenas que a Escritura é "útil" ("ophelimos" em grego) para ensinar, e não que seja obrigatória para ensinar cada ponto teológico. Exemplificando, o martelo é útil para pregar, mas isso não significa que todos os pregos só possam ser pregados com um martelo.
    Um apelo mais cuidadoso para esta passagem buscaria outras partes da mesma, como por exemplo, a última parte, cuja idéia central é que "o homem de Deus se encontra perfeito e preparado para toda boa obra".
    Certa vez, um anti-católico que conheço centralizou seu discurso sobre as palavras gregas usadas nessa expressão, "perfeito" (=artios) e "preparado" (=exartizo), que ele interpretava como "suficiente". Ele foi até capaz de citar um dicionário que aceitava a palavra "suficiente" como uma tradução possível para "artios" e um outro dicionário que apresentava "suficiente" também como possível tradução para "exartizo". Porém, algumas observações devem ser feitas quanto a este argumento:
    1. Os dicionários que aceitam o termo "suficiente", citam-no como terceira ou quarta opção de tradução para os termos "artios" e "exartizo". Nunca são tidos, porém, como a tradução preferencial, de maneira que não se pode recorrer a esse possível significado como prova final de que esse é o significado do texto, principalmente porque ainda existem mais três ou quatro possibilidades de tradução.
    2. Todas as versões protestantes da Bíblia (publicadas em inglês - KJV, NKJV, RSV, NRSV, NIV, etc.) mostram que "suficiente" não é a tradução perfeita para os vocábulos "artios" e "exartizo", isto é, nenhuma dessas Bíblias traduz a referida passagem para "Que o homem de Deus seja suficiente, suficiente para toda boa obra". Nenhuma delas usa "suficiente" como tradução dos termos gregos citados...
    3. Ocorre no texto uma hipérbole (exagero objetivando certa expressividade; ex: "chorou rios de lágrimas"), algo muito comum no pensamento hebraico e traço distintivo das cartas de São Paulo. Por exemplo, em Col 1,20, Paulo afirma que Deus quis reconciliar todas as coisas consigo mesmo em Cristo. Obviamente ele não quis dizer "absolutamente todas as coisas", pois senão estaria dizendo que Deus teria reconciliado consigo mesmo em Cristo também a Satanás e os demais condenados (cf. 2Cor 5,19, Ef 1,10). Logo, a sentença de Paulo que afirma que a Escritura torna um ministro perfeito pode ser compreendida como mais uma hipérbole hebraica.
    4. Se aceitarmos esse mesmo princípio de interpretação de 2Tim 3,16-17 e aplicarmos a outros textos, obteremos resultados absurdos. O princípio é: "Se X te faz perfeito, então não precisas nada mais que X". A partir deste raciocínio temos: "Se a Escritura te faz perfeito, então somente precisas da Escritura". Se aplicarmos este princípio a Tg 1,4 que afirma: "A constância vai acompanhada por obras perfeitas, para que sejais perfeitos, irreprováveis, sem deixar nada que desejar", teremos que dizer que não necessitamos de qualquer outra coisa ? o que inclui a Escritura - a não ser a constância. Alguém, porém, pode objetar que Tg 1,4 não emprega as palavras gregas "artios" e "exartizo". É verdade, pois as palavras desta passagem são "teleios" e "holokleros"... Contudo, são termos ainda mais fortes que aqueles! Além disso, tal objeção também seria uma falácia pois afirmar que uma diferença de termos implica sempre em diversidade de conceito, não pode ser tido como verdadeiro. Seja como for, ninguém poderia ser capaz de elaborar uma teoria (baseada em estudos sobre o Novo Testamento) para afirmar que "artios" ou "exartizo" devem ser traduzidos para "suficiente" já que o primeiro termo aparece somente uma única vez e o segundo aparece duas vezes (o outro caso está em At 21,5 e não possui esse significado).
    5. Os dois termos se referem ao homem de Deus e não à Escritura. 2Tim 3,17 diz que a Escritura ajuda a fazer o homem perfeito e preparado e não que a Escritura é completa (perfeita) e preparada. Para provar que a Escritura é suficiente, os defensores da "Sola Scriptura" precisam retroceder em seus argumentos partindo da suficiência de um homem até a suficiência de uma coleção de documentos. Isto acaba agregando o argumento e portanto agrega também uma exegese incerta.
    6. Essa agregação de incertezas aumenta ainda mais os problemas para os defensores da "Sola Scriptura" porque, admitindo que algo possa ajudar a fazer um homem perfeito e preparado, deve-se pressupor que ele já tenha antes algumas outras "peças do equipamento". Por exemplo, se um escoteiro possui todo o equipamento necessário para a sua exploração, com exceção do cantil, e vai até uma loja de material de camping e o compra, então poderá afirmar que "agora estou completo, pronto para a minha aventura"; note que isto não significa que o cantil foi o único equipamento que ele necessitava para estar pronto; na verdade, o cantil foi somente a última peça do equipamento... a certeza de que estava pronto pressupunha que ele já tinha todo o resto do equipamento necessário. Da mesma forma, a sentença que afirma que a Escritura torna o homem de Deus perfeito também pressupõe que este homem de Deus detém alguns outros artigos que pertencem à doutrina, como por exemplo, o ensinamento oral dos Apóstolos.
    7. E mesmo quando uma pessoa adquire todo o equipamento necessário de uma mesma loja, esta não ensina como tal equipamento deve ser usado. Por isso precisa ser instruído, para saber como usá-lo. Novamente exemplificando, o fato de uma pessoa possuir todo o equipamento necessário para sobreviver numa selva ou suportar uma longa caminhada não significa que saiba usá-lo. Assim, ainda que a Escritura fornecesse a alguém todo o conhecimento básico para se fazer teologia, ela pode ser tão obscura em certos pontos que pode tornar necessário o uso da Tradição Apostólica para se chegar a uma correta interpretação. Não é possível afirmar que a Bíblia é tão clara que não seja necessária a Tradição Apostólica ou o Magistério da Igreja para interpretá-la (posição conhecida como suficiência formal da Escritura, idêntica à doutrina protestante da "Sola Scriptura"). Portanto, ainda que a Bíblia ofereça toda a base necessária para a teologia, ela não nos ensina todos os detalhes.
    8. E ainda que alguém consiga provar que as palavras "artios" ou "exartizo" de 2Tim 3,16-17 significam "suficiente" e mostre que se aplicam, direta ou indiretamente, à Bíblia, na verdade estaria provando que a Bíblia é suficiente materialmente falando, e isto qualquer católico pode admitir, felizmente. Porém, nunca seria possível provar sua suficiência formal (isto é, a doutrina da "Sola Scriptura").
    9. Realmente o texto diz que a Escritura tornará o homem de Deus perfeito, mas esta perfeição não é dada ao leigo, mas ao clérigo, que recebe um treinamento especial como, por exemplo, o conhecimento da Tradição Apostólica, que o faz capaz de interpretar corretamente as Escrituras. Assim, o texto pressupõe o conhecimento que o homem de Deus já deve ter antes de tomar contato com as Escrituras.
    10. Porém, além destas considerações (que levam em conta as traduções dos termos "artios" ou "exartizo"), há razões positivas pelas quais esta passagem (pouco importando a tradução dos referidos termos gregos) não pode ser usada para provar a teoria da "Sola Scriptura", a começar nas primeiras palavras do v.16: a frase "Toda Escritura" é normalmente entendida pelos protestantes como "Toda a Bíblia", ou seja, se refere a todo o cânon bíblico (AT+NT). A isto soma-se o desejo protestante de fazê-la normativa para a teologia cristã. Assim, é natural para um protestante pensar que o termo "Escritura" no singular refere-se à Bíblia por inteiro e nada mais além da Bíblia. Todavia, não é assim que a mesma Escritura compreende... A Bíblia, como obra unificada é invenção de certo período histórico e, por isso, esteve sujeita a alterações no decorrer dos tempos. Antes da existência da imprensa, a Escritura foi, extraordinariamente, uma coleção de livros individuais, agrupados em volumes. No séc. I, quando São Paulo escreveu, esta era uma coleção de uns doze rolos. Portanto, naquela época, não havia como considerar a Escritura um trabalho literário unificado como o é atualmente. Assim, como resultado de um estudo sobre o modo em que o Novo Testamento usa o termo "Escritura", nos é revelado que esse termo, quando usado no singular - Escritura - se refere sempre a um livro específico da Bíblia ou a uma determinada passagem dentro de um livro da Bíblia; nunca se refere, portanto, à totalidade do trabalho, ao que atualmente chamamos de "Escrituras" (isto é, a Bíblia). Quando a Bíblia quer referir-se à totalidade (todas as Escrituras), usa sempre o termo no plural (As Escrituras) e nunca no singular (Escritura). Sabendo disto, poderíamos indicar a presença de uma má tradução no início da passagem de 2Tim 3,16. O termo singular de "Escritura" é usado sempre para uma passagem em particular ou para um livro da Bíblia; a frase "Toda Escritura" significaria então: "todo livro individual da Bíblia" ou "toda passagem particular da Bíblia"; em nenhum momento se faz referência ao seu sentido gramatical. Ao confrontar com o original grego de 2Tim 3,16, nos encontramos verdadeiramente diante de uma má tradução. A frase traduzida como "Toda Escritura" é um parágrafo que significa "Cada Escritura", sendo a palavra chave "Cada" e não "Toda". Esta é uma distinção importante e constitui o sentido gramatical da frase, dando-nos a conhecer o que significa o termo singular de "Escritura" (porque certamente cada livro e cada passagem em particular da Bíblia possui um sentido gramatical). Quando Paulo quis referir-se à totalidade das Escrituras usou uma frase diferente em grego - algo assim como "hai pasai graphai" ("a totalidade das Escrituras") e não "pasa graphe", a qual significa simplesmente "cada Escritura" (fato este que um dos maiores defensores do uso de 2Tim 3,16-17, o anti-católico James White, teve que admitir publicamente). Isto é importante porque impossibilita totalmente o uso desta passagem para provar a teoria da "Sola Scriptura" já que, se alguém tentar usá-la, a única coisa que conseguirá provar será apenas o modo. Desta forma, se a passagem que diz "Cada Escritura é inspirada por Deus é útil para o ensinamento, etc." prova a suficiência da Escritura, provaria realmente a suficiência que cada passagem da Escritura - ou ao menos cada livro da Bíblia - possui para a teologia. Em outras palavras, isto significaria que somente a Bíblia não é suficiente para provar cada ponto da teologia, mas que seria suficiente cada passagem ou livro em particular. Assim poderíamos fazer teologia não somente com toda a Bíblia, mas também apenas com Mateus, Marcos, Lucas ou ainda recorrer a apenas um dos livros mais breves da Escritura, como Judas ou 3João... Isto seria um completo absurdo já que nenhuma passagem ou livro em particular da Bíblia contém o que necessitamos saber para fazer teologia. Vemos então que 2Tim 3,16-17 não pode ser usado para provar a "Sola Scriptura". Se fosse assim, mais que a "Sola Scriptura", provaria o modo utilizado. Paulo simplesmente está dizendo que cada escritura em particular contribui para que o homem de Deus seja preparado para todas as suas tarefas ministeriais, só isso... Não diz que cada Escritura em particular é suficiente para se fazer toda a teologia.
    Se formos ainda mais além, perceberemos que sempre que os protestantes citam 2Tim 3,16-17, acabam por excluir da citação os dois versículos anteriores. Isto não é bom ? para eles. Se abrirmos a Bíblia nos versículos imediatemente precedentes, leremos o seguinte:
      "14. E tu, permaneça fiel ao que tens aprendido e de que estás firmemente convencido, sabendo de quem o aprendeste. 15. E que desde a infância conheces as Sagradas Escrituras, que podem dar-te a sabedoria que leva à salvação mediante a fé em Cristo Jesus. 16. Cada Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para convencer, para corrigir e para educar na justiça, 17. assim o homem de Deus pode ser perfeito e preparado para toda boa obra".
    Paulo exorta a Timóteo a permanecer fiel àquilo que está firmemente convencido, citando duas bases para essa crença:
    1. Timóteo sabe de quem aprendeu tudo isso: foi através do ensinamento oral do mesmo apóstolo Paulo. Nós, igualmente, temos a mesma crença de Timóteo, baseada na Tradição Apostólica.
    2. Desde a infância, Timóteo se familiarizou com as Santas Escrituras, constituindo esta a segunda base para a sua crença.
    Assim, é justamente aqui, em 2Tm 3,14-17, onde temos um duplo recurso: a Tradição Apostólica e a Escritura Apostólica. Portanto, quando os protestentes citam os versículos 16 e 17, estão citando somente a última parte de uma dupla apelação que faz referência à Tradição e à Escritura, coisa que evidentemente não prova a "Sola Scriptura".
    Finalmente, temos que concluir que todos os argumentos que apresentamos constituem uma ajuda contra aqueles que, baseados em 2Tim 3,16-17, defendem a "Sola Scriptura". A razão pela qual se distingue a "Sola Scriptura" da opinião católica de suficiência material é a seguinte: a "Sola Scriptura" reclama que não apenas a Escritura tem toda a base de dados necessária para se fazer teologia, como também é suficientemente perspicaz (ou seja, bem clara), de maneira que não se necessita de outras informações externas (como as que provêm da Tradição Apostólica ou do Magistério) para se interpretar corretamente a Bíblia. O fato de mencionar muitos fatores que minam o uso de 2Tim 3,16-17 - cada um dos quais é fatal para se tentar usar a passagem - nos mostra que esta não é suficientemente clara para provar a doutrina da "Sola Scriptura". Se alguém não estiver convencido do que dissemos, mas considerar como opinião válida qualquer um dos pontos que apresentamos, então restará provado que 2Tim 3,16-17 não é suficientemente clara para se provar a doutrina da "Sola Scriptura" de forma que tal citação não poderá ser usada para essa finalidade.
    E assim, tendo demonstrado desde o princípio que a passagem de 2Tim 3,16-17 (que parecia ser a mais oportuna e favorável) não é suficientemente clara para provar a doutrina da "Sola Scriptura", podemos afirmar, sem medo de errar, que nenhuma outra passagem estará apta para provar essa doutrina. Isto, então, nos mostra que a Bíblia não é suficientemente clara quanto a "Sola Scriptura", nem que possa ser tida como verdadeira.
    Fonte: The Nazareth Resource Library. Tradução: Carlos Martins Nabeto.

    FONTE ELETRÔNICA:

    quarta-feira, 22 de junho de 2011

    A Teologia da Prosperidade

    As Origens

    Desde a época que o reformador Calvino afirmou que "a riqueza é um sinal dos eleitos", espalha-se por diversos setores protestantes a idéia de que a prosperidade material é um presente de Deus para seus filhos. Uma espécie de paraíso terrestre que distingue os "salvos" dos outros mortais.
    Esta ideologia hoje encontra seu sustentáculo maior na chamada "Teologia da Prosperidade", nascida nos EUA, mas que se espelhou pelo mundo protestante , incluindo o Brasil, como fogo em mato seco.
    A Base Bíblica
    O "versículo-chave", verdadeiro carro-chefe desta doutrina, encontra-se no Evangelho de São João, mas precisamente na passagem sobre o Bom Pastor: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." (Jo 10,10)
    Versículos como este são interpretados no sentido de que Deus deseja ardentemente que seus filhos possuam muitas riquezas nesta vida: dinheiro, saúde, bem-estar... e em abundância, ou seja, bem mais que o necessário.
    Passagens bíblicas, como a citada a seguir, são devidamente esquecidas:
    "Observai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. Mas eu vos digo que nem Salomão com toda a sua glória se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, gente de pouca fé! Por isso não vos preocupeis, dizendo: ?O que vamos comer? O que vamos beber? Com que nos vamos vestir?? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo." (Mt 6,28-33)
    O trecho acima bem demonstra que a preocupação primordial do fiel deve ser o Reino de Deus ("Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus"). De fato, todos podem servir a Deus, não sendo o acúmulo de riquezas uma condição essencial. Todos possuem bens que devem ser usados em favor da comunidade, do próximo. Do contrário, Cristo deveria ter procurado os seus seguidores única e exclusivamente entre a elite judaica, e não no meio dos pescadores.
    Note-se ainda que o "Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso". Será que o neo-calvinismo de hoje, cognominado Teologia da Prosperidade, está preocupado apenas com o necessário de que o homem precisa, tal qual reconhece Deus ? A resposta é não, como veremos a seguir.
    A Prática
    A palavra de ordem é: "doe e receberá muito mais". Aqui aparece um outro elemento de tal doutrina: "doar, dar...", mas na condição de que o retorno será bem significativo. Deus vira uma espécie de investimento. O crente doa recursos financeiros a sua denominação religiosa, mas na esperança, praticamente certeza, de que Deus estaria obrigado a lhe dar uma resposta através de muito mais dinheiro, ou outros bens, como saúde, um bom casamento, etc.
    Neste sentido, vejamos um trecho de reportagem publicada no jornal paranaense "Gazeta do Povo", em 31 de Janeiro de 1999" :

    Dízimo
    Embora as denominações das seitas evangélicas que se multiplicam pelo país sejam diferentes, elas funcionam com regras parecidas. A principal delas é o pagamento do dízimo, que deve corresponder à 10% da renda do fiel. Nos cultos da Reviver, as reuniões nunca terminam sem que a coleta seja feita em uma pequena caixa. Quem entra na igreja pela primeira vez, logo se depara com um aparador cheio de envelopes destinados ao recolhimento das ofertas.
    Na Igreja Universal do Reino de Deus, que tem quase 200 templos na cidade, os apelos ao dízimo também são constantes. No culto realizado na manhã do dia 26 de janeiro na Catedral da Fé - como os fiéis chamam o templo localizado na Avenida Sete de Setembro - além do alerta sobre a importância do dízimo o pastor Carlos tentava convencer os fiéis de que, dando outros donativos, suas dívidas desapareceriam. Baseado na argumentação de Deus dá em dobro, ele pedia que cada um entregasse um envelope com os donativos indicados "pelo coração". "Pode ser R$ 70, R$ 50 ou até R$ 30, mas o mínimo é de R$ 20", explicava. - grifos nossos
    Como se percebe, há uma nítida relação de troca. Embora esta teologia seja aplicada mais descaradamente nas igrejas pentecostais, da qual a Universal é o símbolo máximo, ela atinge grande parte das demais seitas protestantes. Não é de hoje que temos notícia desta prática em igrejas protestantes ditas históricas ou tradicionais.
    A Amplitude
    Também é outro preconceito dizer que esta teologia só atinge as classes pobres e de baixa instrução. Vejamos trechos da reportagem "A vez dos ricos", da revista "Veja" de 12 de fevereiro de 1997:
    "O alvo, agora, são as classes A e B. Há dois anos, o publicitário Juanribe Paglarin largou o emprego e uma renda mensal de 10 000 reais para abrir a igreja Paz e Vida. Convenceu os três irmãos a fazer o mesmo. Dois deles abandonaram cargos de chefia em multinacionais."
    (...)
    "Resultado: em dois anos fundaram 24 igrejas pelo Brasil - um ritmo frenético de um templo a cada mês. Suas igrejas são acarpetadas, boa parte delas tem ar condicionado e, segundo cálculos de Paglarin, mais da metade dos fíéis pertencem às classes A e B."
    Na mesma reportagem, mais adiante, é o próprio pastor quem conclui: "O público procura uma igreja mais adequada ao seu perfil". Em miúdos: procura-se agradar ao mercado consumidor.

    O Antropocentrismo
    É uma religião para o homem, e não para Deus. Desde o falso movimento humanista, do qual o protestantismo é apenas mais uma vertente, o antigo teocentrismo vem sendo substituído por um antropocentrismo de acordo com o gosto do freguês, ops, do fiel:
    "A mudança no visual é acompanhada por uma nova maneira de pregar a fé. O culto ficou mais contido e menos teatral. Não há espetáculos de exorcismo, com desmaios seguidos de convulsões e muita gritaria. Apesar de o diabo continuar a ser apontado como o pai de todas as fatalidades, ele passou a ter uma presença mais discreta do que normalmente se vê nos cultos da periferia. O sermão parece mais uma aula de auto-ajuda de Lair Ribeiro".

    Em resumo, passa-se o seguinte ensinamento: o homem é o centro de tudo e o é céu aqui e agora ! Claro, com muito sucesso financeiro, prosperidade material...verdadeiro sinal de que alguém "repousa na benção de Deus".
    E melhor: quanto mais contribuir com a igreja, maior será o retorno !
    As provas: os testemunhos
    Para endossar tais ensinamentos, em geral a igrejas usam dos já famosos testemunhos: pessoas falam sobre sua situação de penúria, de forma comovente ; e depois, como a vida se transformou ao entrar para aquela igreja ou passar a doar mais e mais. Carro importado, casa nova, melhor emprego, empresa de sucesso, roupas de grife... qualquer coisa serve como "prova cabal" para a veracidade do testemunho.
    E se entre estes testemunhos, tiver o de gente famosa, sucesso garantido. Há mesmo quem cobre cachê para contar as "maravilhas que Deus fez" em sua vida.
    Em se tratando de gente famosa ou das classes mais abastadas, nem precisa de testemunho, basta a própria presença para causar furor entre os adeptos da teologia da prosperidade. Seguem trechos da reportagem "Templo evangélico da Barra vira ponto de encontro de modelos, manequins e atores" , publicada no jornal "O Globo" de 17 de abril de 1999:
    O antigo Teatro da Barra, na Avenida Lúcio Costa, nunca esteve tão apinhado de famosos. Do público cativo, fazem parte modelos como Monique Evans, Cristina Mortágua, Gisele Fraga e a ex-miss Brasil Márcia Gabrielle; artistas como Simone Carvalho, Paula Hunter e Carlos Machado; socialites como Kristhel Byancco e Georgiana Guinle, além do surfista Dada Figueiredo, do coreógrafo Zé Reynaldo, empresários, donas de casa e patricinhas e mauricinhos em geral. No palco - um altar improvisado com papel de parede de árvores e um telão onde correm letras de música evangélica em ritmo de videokê - as estrelas são outras: o pastor Francisco Oliveira, acompanhado da mulher, pastora Ana. Em cartaz, há três anos, estão os cultos da igreja Sara Nossa Terra, um sucesso emergente de bilheteria.
    Ir à igreja inclui pagar o dízimo, cantar louvores, fazer pedidos, ouvir e proferir testemunhos de fé. Mas nada de vestidões até o pé ou cabelos muito compridos, a menos que sejam como o pretinho básico envergado por Márcia Gabrielle ou como as madeixas aloiradas de Cristina Mortágua. 
    - As mudanças são de dentro para fora. A igreja tem restrições, mas não recriminações. Se isto acontecesse, não pisaria lá - disse Cristina, de bíblia na mão, no culto da última quarta-feira. Há dois meses engrossando o coro de "améns" que pontua as pregações, Márcia Gabrielle diz que chegou à Sara depois de peregrinar por várias igrejas: 
    - É bacana ver tanta gente famosa e bonita conhecendo o que eu conheço há tempos: a palavra de Deus. O louvor aqui é forte. Saio com um astral diferente. 

    A Sara Nossa Terra nasceu como Comunidade Evangélica de Goiânia, há 20 anos, numa garagem. Hoje, já são 200 templos no Brasil, sendo 20 deles no Rio, e um nos Estados Unidos. Todos sob o comando do Bispo Robson Rodovalho, de Brasília.
    Sacrifício

    Nesta ótica "God is fashion", até a noção de sacrifício é pervertida. Um exemplo é quando pastores citam a história em que Abraão iria sacrificar seu filho a pedido de Javé. Interpretando tal passagem, não importaria aí o pedido de Deus; ou mesmo a prefiguração do sacrifício de Jesus na cruz. Importaria, pela visão neo-calvinista, o fato de que Abrãao estaria disposto a fazer um grande sacrifício, mas teria a recompensa de terras (riquezas) em abundância, ver a queda de seus inimigos, sua descendência se multiplicar por gerações e gerações, etc.
    Mas que se faça justiça: é preciso destacar a criatividade dos teólogos da prosperidade. Praticamente, toda e qualquer passagem bíblica serve como pretexto para se estabelecer esta relação de troca com Deus.
    Talvez todos os fiéis não estejam sendo "abençoados" como desejariam, já que há apenas alguns testemunham, e mesmo assim, escolhidos a dedo.
    Sinal de Preocupação
    Por outro lado, os líderes destas igrejas parecem está em situação financeira bem melhor.
    Este sinal de alerta já chega a preocupar algumas lideranças protestantes. Vejamos o que disse o Sr. Russell Philip Shedd ao ser entrevistado pela revista "Vinde" :

    "Temos assistido a inúmeras dissidências entre pastores e suas igrejas. Muitos saem para fundar seus próprios ministérios. Por que isso acontece com tanta freqüência?"
    Uma das principais motivações é a financeira. Percebe-se que, quando o pastor que sua própria igreja e capacidade de juntar pessoas que vão contribuir, sua vida vai melhorar. Em segundo lugar: discordância com o líder. Ele acha que está mais certo do que seu superior, então surge o conflito e ele sai."
    Traduzindo: como primeira causa, o interesse financeiro. Depois, o orgulho do pastor em achar que está mais certo que o outro. Obviamente ambos são causas, no mínimo, inoportunas. No entanto, o que queremos destacar aqui é o alcance que a Teologia da Prosperidade tomou. Antes, a causa maior de divisão entre os protestantes era o orgulho (o maior dos sete pecados capitais!), no sentido de que qualquer desavença teológica ou administrativa era motivo para fundar uma seita. Basta analisar historicamente como se fundaram algumas das tantas denominações pós-Reforma. Por pior que isto seja, mais recentemente surgiu uma outra causa: o dinheiro. Neste nível, pode-se mesmo equiparar uma igreja desta a uma empresa comercial qualquer, já que ambas possuem como finalidade maior o lucro.
    Em outra reportagem da revista protestante "Vinde" ("Primo rico, primo pobre"), faz-se menção a este fenômeno, que envolve tanto líderes espirituais como fiéis:
    Ricardo Mariano, sociólogo que estuda há oito anos o fenômeno pentecostal brasileiro, crê que essa remuneração é aceita com naturalidade pelos membros da igreja pois eles vêm projetado na liderança seu próprio anseio, como fruto da teologia da prosperidade.
    O sociólogo acredita que a imagem propagada pela sociedade de que o pastor é sempre um homem rico foi criada a partir de alguns exemplos na história recente da igreja no Brasil e no EUA. "Líderes pentecostais de igrejas bem-sucedidas tendem a ter um excelente padrão de vida, pois a administração da obra está integralmente em suas mãos. É fácil observar quem tem este poder totalitário, pois a coisa é tratada como negócio de família, e passa de pai para filho", explica o estudioso.
    (....)
    Morando em luxuosas mansões nos melhores bairros da cidade, ou mesmo em prósperos balneários no exterior, incorporando personagens criados por seus assessores de marketing e até ostentando jóias caras, eles mais se parecem com os emergentes jogadores de futebol ou artistas de Hollywood. E, na maioria dos casos, é assim que são tratados pelos fiéis, que os vêem como figuras míticas e exemplares.
    A visão cristã
    Coitado do São Francisco de Assis ! A julgar pelos exemplos acima, de nada valeria o testemunho do pobrezinho de Assis hoje. Enquanto este último procurou se desfazer dos seus bens, que mais atrapalhavam do que ajudavam em seu caminho cristão, atualmente se prega justamente o contrário.
    Óbvio que a posse de bens não é um mal em si. Como já foi dito, Deus sabe o que nos é necessário. Além disso, quem muito possui, também possui o encargo de se colocar a serviço do próximo, da comunidade. A quem muito foi dado, muito será exigido. Ou seja: mesmo que alguém encarasse a riqueza como um dom, este dom, tal qual os demais, não é para si, mas para ser usado em benefício de todos. E claro: por livre doação, e não esperando acumular mais bens nesta vida.
    "Não ajunteis riquezas na terra, onde a traça e a ferrugem as corroem, e os ladrões assaltam e roubam. Ajuntai riquezas no céu, onde nem traça nem ferrugem as corroem, onde os ladrões não arrombam nem roubam. Pois onde estiver vosso tesouro, aí também estará o coração." (Mt 6,19-21)
    O homem que vive apegado a riqueza termina por ser seu escravo: "Pois onde estiver vosso tesouro, aí também estará o coração". Que tesouro Deus quer para nós ? Estas distrações e falsos deuses da terra, onde tudo é passageiro e corruptível ?
    "Ninguém pode servir a dois senhores. Pois ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e abandonará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." (Mt 6,24)
    Procurar o Reino de Deus, servir a Deus... é esta a mensagem que o Evangelho passa. E como tal, tudo tem que ser posto a seu serviço, incluindo as riquezas. Quando um fiel doa à Igreja, não pode ser como quem resolve uma equação matemática, esperando que na outra ponta, como resultado final e imediato, Deus lhe garanta juros e dividendos de retorno.
    De fato, nesta vida se cumpre o que Cristo disse: "E quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim." (Mt 10,38)
    Ou nas palavras do Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé: "Não há cristianismo sem martírio, como não há possibilidade de crescimento sem sacrifício. A nossa é uma teologia da Cruz."
    Não é o lucro fácil que move o cristão, mas a fé e a esperança nas promessas de Cristo. A felicidade plena e absoluta foi prometida para a outra vida ("Meu reino não é deste mundo"), quando da nossa Ressurreição, em que veremos Deus "face a face", e onde finalmente a alma humana encontrará satisfação total.

    FONTE ELETRÔNICA: