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sábado, 28 de janeiro de 2012

Saiba qual a diferença entre a Bíblia Católica e a Evangélica e conheça os livros apócrifos

FINALMENTE ALGUNS PROTESTANTES EVANGELICOS JÁ ADMITEM QUE A IGREJA CATOLICA NÃO INVENTOU LIVROS A MAIS NA BIBLIA, A FARSA DE SECULOS COMEÇA A CAIR, VEJA A MATERIA ABAIXO QUE FOI EXTRAIDA DE UM SITE EVANGELICO;

A Bíblia usada pelos protestantes e evangélicos possui sete livros a menos que a Bíblia usada pela Igreja Católica. A diferença ocorre porque durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero e seus adeptos resolveram excluir os livros Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria de Salomão e Eclesiástico (ou Sirácida), que não deve ser confundido com o livro de Eclesiastes.

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Durante a Reforma Protestante foi decidido que esses livros seriam banidos da Bíblia usada pelas igrejas que surgissem a partir dali pois eles haviam sido recusados pelos rabinos judeus como sendo sagrados, durante um Sínodo (espécie de Concílio) e seriam inconsistentes com a declaração de fé protestante.

Há também capítulos de livros que constam da Bíblia protestante que foram removidos, como os capítulos 13 e 14 do livro de Daniel e os versículos 4 a 16 do capítulo 10 do livro de Ester, assim como os capítulos 11 a 16 do mesmo livro. Existem ainda livros que são considerados apócrifos, e que não constam nem na Bíblia protestante, nem na católica.

Para conhecer os livros que foram removidos da Bíblia usada pelas igrejas evangélicas atualmente, basta clicar nos nomes dos livros abaixo. O link será redirecionado a páginas com o arquivo em pdf hospedados pelo portal Terra. Se desejar, poderá salvar o arquivo dos livros em seu computador, ou até, imprimir.


Confira:

Tobias

Judite

I Macabeus

II Macabeus

Baruque

Sabedoria de Salomão

Eclesiástico (ou Sirácida)

Livro com o conteúdo excluído de Ester

Capítulo 13 do livro de Daniel

Capítulo 14 do livro de Daniel

Há neste link, uma edição com todos os livros da Bíblia, incluindo os sete livros a mais que constam da edição católica e os livros apócrifos, que foram banidos das Bíblias protestante e católica.

FONTE ELETRÔNICA;





quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Santo Agostinho e a mentira Espírita

O livro “O Espiritismo e as Igreja Reformadas” de Jayme Andrade, editora EME, quarta edição, capítulo VII, parte 3, diz que santo Agostinho escreveu:

"Não teria eu vivido em outro corpo, ou em outra parte qualquer, antes de entrar no ventre de minha mãe?”

('Confissões', I, cap. VI).

A Verdade: Em traduções diretas do latim, encontra-se: “E antes deste tempo, que era eu, minha doçura, meu Deus? Existi, porventura, em qualquer parte, ou era acaso alguém. Não tenho quem me responda, nem meu pai, nem minha mãe, nem a experiência dos outros, nem minha memória. (...)[não há nenhuma alusão à entrada no ventre]”?

(Confissões, da coleção “Os Pensadores”, vol. 6, Abril Cultural, 1973).

Vemos aí que houve má fé no texto do livro de Jayme Andrade, que repete versões inglesas onde se lê: “Was I, indeed, anywhere, or anybody? “[Estava eu, na verdade, em qualquer lugar, ou alguém?], o que mostra uma má tradução errada do termo “anybody”.

Estas duas versões têm sutis e cruciais diferenças: a primeira, do livro de Jayme é claramente reencarnacionista, ao passo que a segunda, não o é, mostrando tratar-se pura e simplesmente de um reles questionamento quanto a preexistência.

Santo Agostinho no trecho imediatamente antes, esclarece a dúvida quando questiona: “dizei se a minha infância sucedeu a outra idade já morta ou se tal idade foi a que levei no seio da minha mãe?”. Esta dúvida sempre acompanhou santo Agostinho, que nunca se definiu como a favor ou contra a existência da alma antes do nascimento, preferindo assumir sua ignorância quanto à origem da alma:

“Pois você [Vincêncio Vítor] não apenas caluniou com sua censura os que são afligidos com a mesma ignorância sob a qual eu próprio estou penando, quero dizer, no que diz respeito à origem da alma humana (apesar de eu não ser absolutamente ignorante mesmo quanto a esse ponto, pois sei que Deus soprou a face do primeiro homem, e tal “homem então se tornou alma vivente” [Gn 2,7]”. ( Da Alma e Sua Origem, Livro IV, cap. III)

Ao contrário do herege Orígenes, que teve seus ensinamentos condenados pela Igreja, santo Agostinho jamais fomentou a reencarnação. A discordância entre ele e Orígenes fica patente numa carta a Optatus:

“Pois é impossível que sustentes a opinião de Orígenes, Prisciliano e outros hereges que, por causa dos atos cometido numa vida anterior, as almas são confinadas em corpos mortais e terrenos. Esta opinião é, na verdade, categoricamente contradita pelo o que o apóstolo de Jacó e Esaú que, antes de terem nascido, não cometeram nem o bem, nem o mal [Rom 9,11]." (Nota: Esta carta aparece como sendo a 144ª da coletânea de Jerônimo, que teria, na verdade, uma versão simplificada dela.)

J.R. Chaves no seu “Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, cap. VI até traz uma versão correta do texto de “Confissões”, de santo Agostinho, que sugere pré-existência, mas jamais reencarnação da alma. J.R. Chaves, militante do espiritismo, não perdeu tempo em também sapecar outra lorota, dizia:

“Santo Agostinho morreu em 430, ou seja, 123 anos antes de V Concílio Ecumênico de Constantinopla II (553), o qual, supostamente, teria condenado a reencarnação.”

Resposta: Pura calúnia! Santo Agostinho, mais de 123 anos antes de 553, já condenava o origenismo e suas almas que trocam de corpos, afinal fora contemporâneo à primeira crise origenista. Como vimos acima, ele questionava a pré-existência da alma, mas sempre adotou a vida única em estado mortal. Chaves deveria saber disso, pois um autor usado por ele – William Walker Atkinson, em “A Reencarnação e a Lei do Carma”, p. 47; uma página após falar de Justino – já falava da oposição de santo Agostinho ao origenismo.

E assim eles vão caluniando em favor da heresia do espiritismo, porque o Diabo é o pai da mentira.

O fato de os primeiros teólogos terem agido com tanta veemência na rejeição da reencarnação, pode ser tomado como sinal de que algum grupo ou seita um dia a aceitou, afinal a pagã cultura grega em que os primeiros cristãos estavam imersos admitia essa heresia que os ensinamentos de Jesus condenou.

“Está determinado que os homens morram uma só vez e logo em seguida o juízo.” (Hebreus 9,27). Você acredita em Deus ou nos espíritas?

Eis a verdadeira diretriz da Igreja para aqueles que estão no pecado grave que é o espiritismo:

"Os espíritas devem ser tratados, tanto no foro interno como no foro externo, como verdadeiros hereges e fautores de heresias, e não podem ser admitidos à recepção dos sacramentos, sem que antes reparem os escândalos dados, abjurem o espiritismo e façam a profissão de fé". (1ª Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (1953) in: Frei Boaventura Kloppenburg OFM "Espiritismo: Orientação para Católicos", 6a. edição, Ed. Loyola, cap.VII, p. 157)

Por Fernando Nascimento

FONTE ELETRÔNICA;

domingo, 22 de janeiro de 2012

Valdemiro “Ariano” Santiago (Herege)

Quando falo do advento do retorno de Cristo a terra, muitas pessoas acham que estou ficando neurótico.Graças a Deus não, mas escrevendo algo que é fato na Palavra de Deus e que breve se cumprirá no mundo.

Um dos sinais da volta de Cristo será o aparecimento de falsos profetas e, isto não é de hoje desde a primeira profecia escrita sobre o assunto na Palavra de Deus, que muitos falsos profetas têm surgido ao longo dos séculos.

Semana passada o “apóstolo Valdemiro Santiago declarou que Jesus é um ser criado, ou seja, Jesus não é sempiterno (que não teve principio e jamais terá fim). Segundo Waldemiro, Jesus foi à primeira criação de Deus.

Veja o que ele disse: “ Muita gente pela tradição da religião, não entende a historia de Jesus. Alguns falam de natal, mas ninguém sabe o dia exato em que Jesus Cristo nasceu. Segundo que Jesus já existia muito antes de tudo. Ele é a imagem do Deus invisível, a encarnação do verbo. Mas ele não é sempiterno, é eterno. O pai que é Deus é sempiterno, aquele que antes dele nunca existiu como ele, nem existirá depois dele, sempre existiu e sempre existirá. A primeira obra dele foi Jesus Cristo”.

Eu gostaria muito de saber em que Seminário Valdemiro estudou, que obras teológicas ou literárias ele lê, para afirmar uma heresia explícita dessas. Na verdade, creio que ele nem estudou, que é fruto das escolas heréticas de seus ex-pastores.Para que entendamos que o que Waldemiro disse é heresia, vamos nos reportar ao ano 325 D.C no Concílio de Nicéia. Ário bispo de Alexandria, no Egito proclamou: Jesus era divino, mas não era Deus. Só o Pai pode ser imortal, pois o filho é um ser criado. Em oposição a Ário se colocaram Alexandre e Atanásio que afirmava que o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em Jesus. Veja abaixo, que defesa maravilhosa:

“Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho.”

Após o término do Concílio a heresia de Àrio foi rejeitada:

“Um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus; gerado do pai, unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, consubstancial com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra; o qual, por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e encarnou e foi feito homem todos os que dizem que houve um tempo que ele não existiu, ou que não existiu antes de ser feito, e que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa, ou que o Filho de Deus é criado ou mutável, ou alterável, são condenados pela Igreja”.

Pergunto aos seguidores de Valdemiro: Vocês creem que Jesus é Deus? Continuarão crendo, mesmo sabendo que seu líder não crê? Como pode o “apóstolo” dizer que cura no nome de alguém que não é Deus, se só Deus pode curar?Espero que o “apóstolo” repense o que disse e se arrependa, pois heresia é que nem câncer, se espalha rapidamente.

nEle que disse: Antes que Abraão existisse, EU SOU!

(Jo 8.58)

FONTE ELETRÔNICA;





Hoje em dia o sucesso ‘gospeli’ é reservado para os Ex.

Depois que vi na telinha uma `Ex sensitiva’ dar respostas para todo tipo de encosto e problemas na área oculta (só não fiquei para o gran fnale porque não tive estômago para aguentar), pensei como seria se estivéssemos nos tempos bíblicos.

Alguns dias atrás eu já tinha visto uma ex mãe de santo dar respostas a perguntas das mais variadas.

Bom, se acontecesse isso nos tempos bíblicos como seria as propagandas na Igreja Primitiva?

Exemplos:

“Seminário negação”, conferencista Pedro, o ex-negador, negando Jesus por três vezes, ele sabe de tudo sobre o assunto, investimento $$$$$
“Seminário Caminhando sobre as águas”, Professor Pedro, ex-caminhante nas águas.

“Campanha quebrando cadeias”, Pedro, o ex prisioneiro, libertado por anjos, experiência na área de aprisionamento e soltura.

“Seminário Vida Abundante”, Grande conferencista Lázaro, ex morto de 4 dias, ele sabe o que fala, tem larga experiência de sepultura e é amigo pessoal de Jesus, possivelmente estará ‘louvando’ o filho da Viúva de Naim.

“Grande Campanha de revelação e milagres”, ex adivinhadora de Éfeso, jovem experiente na área de adivinhação.

“Cruzada de fé e poder”, Conferencista Paulo, apóstolo reconhecido, ex perseguidor, ex preso, ex fariseu.

“Congresso de Arrebatamento”, venha ser arrebatado nesse congresso, convidado especial Diácono Felipe, homem que sabe o que diz, já foi arrebatado pelo Espírito, já pregou para uma cidade inteira, esse é o tempo de arrebatamento.

“Cruzada Água Viva”, conferencista e apóstola Samaritana, teve um encontro pessoal com Jesus. Após a pregação haverá distribuição da santa água do Poço de Jacó.

“Campanha de Libertação de encostos”, sete dias com os sete filhos de Ceva, ex exorcistas, judeus ambulantes.

Se voce ouve vozes, vê vultos, sente arrepios, sente dores de cabeça, come demais, dorme demais ou nem dorme, sente cansaço, está endividado, sem sorte no amor? Tudo isso é porque voce abriu as portas para os ‘encostos’, portanto voce não pode perder a:

“Grande Concentração de libertação”, com os Conferencistas Gadarenos, ex moradores de cemitério, arrebentadores de cadeias e ex auto frageladores com pedras, não perca a grande sessão de descarrego propiciada pelos experientes gadarenos.

“Cruzada de Profecias”, Profeta Ágabo, acertou na veia sobre a fome e sobre a prisão de Paulo e certamente terá uma profecia para você.

Bom, paro por aqui, creio que já existe ex demais, se você apenas reconheceu seu pecado e confessou a Jesus como teu Senhor e salvador mas não foi bandido, não foi jogador de futebol, não foi traficante, não foi pobrezinho lá na Vila Tatu, não foi nem mãe e nem pai de santo, nem foi ‘bebum’, sinto informar que você não tem testemunho para dar e portanto, sem chance de sucesso no mundo ‘gospeli’.

Que Deus tenha misericórdia,

FONTE ELETRÔNICA;


Passagens bíblicas deturpadas por pessoas adeptas da “teologia da prosperidade” PARTE 1

Este artigo é uma tentativa singela de colocar à disposição das pessoas uma boa e sólida interpretação de várias passagens bíblicas que têm sido, com muita freqüência, deturpadas por pessoas adeptas de uma doutrina que ficou conhecida como “teologia da prosperidade”, “evangelho da prosperidade” ou ainda “teologia da confissão positiva”. Os proponentes dessa doutrina, vários por falta de conhecimento e vários, infelizmente, por má fé e desonestidade, usam vários textos curtos das Escrituras, tirados do seu contexto, e torcem seu significado para fazer com que a mensagem transmitida seja exatamente o oposto do que a Bíblia ensina. Desta forma, essas passagens foram quase todas reunidas aqui e colocadas dentro do seu contexto imediato e também do contexto amplo da revelação bíblica, buscando-se assim seu verdadeiro sentido, aquele que é coerente com a mensagem do Deus que se fez pobre, não para que todos os cristãos usufruíssem de bênçãos materiais, mas para seguirmos os Seus passos e também abrirmos mão do que é nosso por amor aos outros.

A mensagem bíblica, de capa a capa, é de doação, de entrega, de amor, aquele amor que, conforme I Co 13, não busca os seus próprios interesses e tem sua maior expressão no ato dar a vida pelos outros. É verdade que Jesus se importa não só com nosso espírito mas também com todo o ser humano, integralmente. Por outro lado, nossa atitude frente a isso faz toda a diferença: baseado nessa verdade, vamos buscar benefícios para nós, como fazem os proponentes da teologia da prosperidade, ou será que isso nos fará ajudar o nosso próximo em primeiro lugar, como Jesus declara em Mt 25, quando diz, “tive fome, e me destes de comer, tive sede e me destes de beber”?

Meu desejo é que este texto abra os olhos de muitos, como um dia os meus também foram abertos! Se você, leitor, congrega em uma igreja onde se ensina essa doutrina, aconselho fortemente que tome uma atitude e pare de dar seus dízimos e contribuições para líderes que acreditam que têm o direito de “prosperar” às suas custas. Um fato muito curioso e fácil de notar é que quase todos os líderes que pregam essa doutrina de fato ficam ricos, porém suas ovelhas quase sempre continuam com o mesmo padrão de vida e nunca “prosperam” materialmente. Quando, entretanto, alguém acena com a possibilidade de parar de contribuir com a riqueza desses líderes, eles usam de intimidação e ameaçam até mesmo com a perda de salvação. É hora de dar um basta, isso é escravidão – o conhecimento da verdade liberta (Jo 8:32). Se algo não liberta, é porque não é verdade!

As citações bíblicas:

Marcos 11:24

Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.

Esse versículo deve ser lido em equilíbrio com outro, que é I Jo 5:14: “… esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” João diz que Deus realmente nos dá o que pedimos, contanto que seja a Sua vontade. Deus não é nem o Papai Noel nem muito menos o Gênio da Lâmpada (que chamava Aladim de “amo e senhor”) – não, Ele é o Senhor, e é Sua vontade soberana que determina o que Ele nos dará ou não. A questão é que os defensores da teologia da prosperidade e da confissão positiva dizem que sempre é vontade de Deus curar e dar riqueza, e citam como prova os demais versículos que serão discutidos abaixo. O fato, contudo, é que a vontade de Deus é insondável, oculta em sua maior parte aos seres humanos. Ninguém, exceto por muita presunção, pode dizer que conhece a vontade de Deus em todos os casos. Seus caminhos não são os nossos e Seus pensamentos também não são os nossos (Is 55:8). Seus juízos e Seus caminhos são inescrutáveis e insondáveis, como bem nos lembra Paulo em Romanos 11!

Isaías 53:4, citado em Mateus 8:17 e I Pedro 2:24

… curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.

… carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.

Os “teólogos” da prosperidade e da confissão positiva dizem que a passagem de Isaías, citada de novo em Mateus e I Pedro, provaria que Deus deve sempre curar, já que Cristo já levou nossas dores e enfermidades.

Tentemos, então, levar esse pensamento às suas conseqüências lógicas. Se Cristo levou todas as nossas dores (o que é fato), e se as implicações plenas disso valessem para nós na presente era (o que questiono aqui), não deveríamos sequer morrer, já que Ele também levou sobre Si a dor da morte.

Também jamais deveria haver perseguição aos cristãos por causa do Evangelho, já que Jesus também levou essa dor sobre Si. Mas, pelo contrário, a realidade da morte é reconhecida em toda a Bíblia como o curso normal da humanidade, maculada como é pelo pecado. Não somente isso, todo tipo de enfermidade deveria ser curada – no entanto, nunca ouvimos relatos de curas de amputados, por exemplo (ainda que ouvíssemos, afinal Deus também é poderoso para curar esse tipo de mal, isso não provaria nada). Assim, essa interpretação de Isaías 53 dada pelos teólogos da prosperidade não se harmoniza com a realidade dos fatos, nem a nossa nem muito menos a dos escritores bíblicos.

Como se deve entender, então, o versículo de Isaías? Basta colocá-lo dentro do contexto de toda a Bíblia, que diz que o homem foi expulso do Éden, e a Árvore da Vida ficou do “outro lado da porta” (até que ponto é uma árvore literal ou simbólica não faz a menor diferença neste caso). Acontece que apenas em Apocalipse, na Nova Jerusalém, é que o homem terá novamente acesso àquela árvore que é “para a cura de todas as nações”. Até então, Deus disse que a terra produziria “cardos e abrolhos”. É num mundo assim que vivemos, e não há distinção entre crentes e incrédulos, afinal Deus manda a chuva sobre justos e injustos (Mt 5:45). Na verdade, até o Novo Testamento menciona doenças que não foram curadas milagrosamente, como o caso de Timóteo (I Tm 5:23), que recebeu do apóstolo Paulo o conselho de tomar vinho por causa das suas “freqüentes enfermidades” no estômago.

Mas, se Is 53:4 só se aplicará plenamente na Nova Jerusalém, por que esse versículo é citado em Mateus, sendo cumprido aqui na terra? O que acontece, neste caso, é que os seres humanos tiveram um “aperitivo” dos efeitos de Isaías 53 quando Jesus esteve fisicamente aqui. É bíblico dizer que o Reino de Deus já chegou (Mt 3:2), porém ainda não na sua plenitude (tanto é que, como já foi dito, nós ainda morremos, ainda pecamos, ainda sentimos dores etc.).

Contudo, quando o Rei esteve fisicamente aqui, pudemos provar um pouco dessa plenitude. Aliás, analisando bem, Jesus ressuscitou apenas umas duas ou três pessoas: quantos mortos havia nos cemitérios judeus na época?

Quantos enfermos havia no tanque de Betesda, onde Jesus provavelmente só curou um? Mateus cita Isaías 53 porque o que possibilitou que as curas de alguns se tornassem reais é que Jesus já pagou pelo nosso pecado. Se Ele não tivesse levado sobre si nossas dores, nenhuma cura teria sido realizada quando Jesus veio. Mas Ele não curou 100% dos enfermos, tampouco ressuscitou 100% dos mortos. Isso só vai acontecer na segunda vinda, quando o Reino de Deus vier na sua plenitude.

E quanto a I Pedro? Coloquemos a citação em I Pedro dentro do contexto, e veremos que o apóstolo falava da cura do pecado (ou seja, saúde espiritual) e não de saúde física.

João 14:12

Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.

O versículo acima tem sido citado para dizer que nós podemos e devemos fazer a mesma quantidade e os mesmos milagres que Jesus fez, portanto indo contra a tese de que a presença física de Jesus na terra foi um pré-cumprimento dos benefícios plenos de Is 53:4. Se nós faremos as mesmas obras de Jesus, dizem eles, nada mudou desde que Jesus subiu aos céus.

Cabe aqui um esclarecimento. Depois que Jesus ressuscitou e subiu aos céus, realmente continuaram acontecendo milagres, e creio eu que aconteçam até hoje. Porém, estes não acontecem na mesma intensidade e freqüência que no tempo em que Jesus esteve fisicamente aqui. Não é todo dia que vemos alguém caminhando sobre as águas, uma tempestade sendo acalmada com uma palavra, mortos ressuscitando, cegos vendo e outros sinais dessa grandeza. Quando Jesus subiu aos céus, essas coisas se tornaram bem menos freqüentes e, ouso dizer, depois que morreram os apóstolos, ficaram ainda bem mais raras. Mas Deus não é o mesmo ontem, hoje e sempre? Sim, Ele é, mas isso não o obriga a agir sempre da mesma forma, e a evidência maior disso é que temos várias alianças diferentes na Bíblia, feitas entre Ele e os homens.

Entendamos, portanto, o que representam os milagres na história do cristianismo. Em II Co 12:12, Paulo deixa claro que os “sinais, prodígios e poderes miraculosos” eram suas “credenciais” como apóstolo. Em outras palavras, essas coisas distinguiam os cristãos comuns dos apóstolos, que eram aqueles que haviam recebido sua missão diretamente do Senhor e sobre o fundamento dos quais a igreja estava edificada. Por outro lado, em I Co 12:28, Paulo também fala de dons de milagres e dons de curas, dados a pessoas que não eram apóstolos. Ainda assim, os dois versos seguintes deixam claro que, assim como não são todos apóstolos, também não são todos que possuem esses dons. Tais dons existem e são para a edificação da igreja, mas não dados a todos os cristãos e nem têm a finalidade de fazer nossas vontades. Vale lembrar que eles são distribuídos conforme a soberania de Deus, que cura e realiza milagres quando quer. Nem mesmo Jesus curou todos os enfermos do seu tempo. Mas alguém pode dizer: “Jesus não curou todos aqueles que o buscaram corretamente?” Com certeza, só que o ato de buscar a Jesus é algo que primeiramente o próprio Deus coloca no coração do homem, em Sua soberania.

Voltando então a João 14:12, o que significa “farão obras ainda maiores que as que faço”? Primeiro, Jesus não se refere necessariamente aos milagres, uma vez que não usou qualquer uma das três palavras gregas comumente usadas para designá-los no Novo Testamento (traduzidas quase sempre como “sinais, prodígios e maravilhas”, como em II Co 12:12). Segundo, a interpretação mais sólida dessa frase é aquela que leva em conta que as “obras” de Jesus tinham e têm por finalidade fazer a vontade do Pai e proclamar o Reino de Deus. Aí fica fácil entender: Jesus levou a mensagem do Evangelho ao povo de Israel, e a igreja já levou a mesma mensagem até os confins da terra!

João 10:10b

…eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

Os teólogos da prosperidade dizem que “vida em abundância” que Jesus veio para que tenhamos é uma vida de riqueza material e saúde. Será? O que pensariam disso os mártires, que, ao contrário da riqueza, ganharam como “prêmio” pela sua fidelidade o sacrifício da própria vida pelo Evangelho? O que pensaria disso aquele missionário que abandonou tudo para viver entre uma tribo selvagem da África, pegou malária e nunca ficou rico, mas por outro lado pregou o Evangelho para aqueles que nunca tinham ouvido falar em Jesus? O que pensaria disso aquela viúva pobre que deu as duas últimas moedas e que, pelo menos pelo relato bíblico, não consta que tenha ficado rica? O que pensaria disso aquela senhora pobre da igreja que tem sempre a casa aberta para receber pessoas em necessidade e sempre tem uma palavra de consolo?

Aliás, o que pensaria Paulo, que passou por inúmeras situações desfavoráveis, até mesmo fome (Fp 4:12)? Será que essas pessoas seriam consideradas como de “vida abundante” pelos teólogos da prosperidade? Por outro lado, será que eles consideram os ricos e poderosos do nosso mundo, incluindo aí criminosos e vários políticos desonestos, como pessoas de “vida abundante”?

Marcos 10:29 (e passagens paralelas: Mateus 19:29 e Lucas 18:29,30)

Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna.

Creio que ninguém, em sã consciência, interpreta aquilo tudo literalmente. Se alguém levar o versículo inteiro ao pé da letra, será um pervertido sexual com centenas de filhos (e de mulheres também, se seguirmos a passagem paralela de Lucas!)… Aliás, Jesus falou aquilo para os discípulos. Não consta que Pedro e os demais tenham se tornado milionários depois de abandonar tudo para seguir Jesus – pelo contrário, a maioria deles se tornou mártires. Pedro, por exemplo, continuou vivendo como pescador, e ainda ganhou a “vida abundante” morrendo numa cruz de cabeça pra baixo (se é que é verdade essa história sobre a forma como o apóstolo morreu).

O que Jesus disse é que, se você abrir mão do que tem, vai ganhar uma nova família, vai pertencer à Igreja, ao corpo de Cristo, sua nova família, que representa 100 vezes mais mães, pais, filhos e casas. E, de brinde, ainda vai ganhar perseguições. Aliás, eu me pergunto, por que nenhum desses pregadores da prosperidade cumprem a primeira parte do versículo, que fala sobre abandonar tudo (isso eles só recomendam para as suas ovelhas, que abandonem tudo nas contas bancárias deles), ou ainda o que está um pouco antes, no verso 21, quando Jesus diz ao jovem rico que este deveria vender todos os seus bens e dar o dinheiro aos pobres?

II Coríntios 8:9

… pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.

Citado fora do contexto, esse versículo parece indicar que Jesus se tornou pobre para que todos os cristãos se tornassem ricos. Comecemos a ler o capítulo 8, no entanto, e veremos que Paulo elogia a igreja dos macedônios, que era pobre, e dá um “sabão” na igreja dos coríntios, que era rica. A igreja que era pobre era a mais generosa (o que já contraria a teologia de que ofertar é “semear bens materiais”, uma vez que eles eram liberais e continuavam pobres), enquanto que a igreja rica era a mais avarenta.

Paulo então repreende os coríntios, e os exorta a serem como Jesus, que era rico e se fez pobre. Se eles eram ricos, é porque um dia Cristo se fez pobre, e eles deveriam fazer o mesmo em prol do sustento de Paulo e outros apóstolos/missionários, abrindo mão de sua riqueza. Não está escrito ali que Cristo se fez pobre para todos os cristãos fossem ricos (tanto é assim que os macedônios ainda eram pobres, e não era por causa de falta de generosidade).

O que está escrito é que, se os coríntios eram ricos, era por causa da misericórdia de Cristo, que abriu mão da Sua própria riqueza em prol deles.

III João 2

Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.

Sabemos que Jesus prometeu perseguições (citando, de novo, Mc 10:29). No entanto, quem tem o costume de escrever “desejo que você seja perseguido”?

Mesmo que seja uma certeza da Palavra de Deus as perseguições por causa do Reino, ninguém as deseja, e isso é perfeitamente natural. Nosso desejo é saúde e prosperidade – agora, se Deus deseja dar isso para nós ou não, cada caso é um caso, e vai depender da soberania divina. Eu desejo saúde para todos os que amo (assim como o apóstolo João desejava a prosperidade do destinatário daquela carta), mas não tenho certeza se essa é a vontade de Deus. Se Ele quiser, na Sua vontade soberana, que alguém morra como mártir ou morra de câncer, essa pessoa tem que dizer como Jó, “o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor”. Mas eu posso perfeitamente escrever que o que eu desejo é saúde para quem quer que seja. Foi isso que João escreveu para seu destinatário, mas não necessariamente aquilo era a vontade de Deus. Não faria sentido João ter escrito “desejo perseguições pra você”…

Marcos 11:22,23

Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.

Esse ensinamento de Jesus é usado para justificar o ato de falar com as enfermidades, e ainda o uso de verbos como “decretar” ou “determinar”, que são verbos perfeitamente adequados para estarem na boca do Deus Todo-Poderoso, mas nunca de criaturas finitas e falíveis como nós.

Temos, de fato, alguns exemplos bíblicos de pessoas falando para as coisas ou executando algum ato e algo acontecendo por causa disso. Temos o caso de Jesus, que repreendeu a tempestade e o mar se acalmou, e ainda repreendeu a febre da sogra de Pedro (Lc 4:39). Acontece que Jesus, mesmo assumindo forma humana, nunca deixou de ser Deus. Mesmo assim, temos casos de pessoas comuns fazendo algo semelhante: Moisés colocou o cajado no mar e este se abriu (Nm 14:16,21); recebeu ordem de Deus para apenas falar com a rocha e esta soltaria água (Nm 20:8); Pedro mandou o coxo se levantar e este foi curado (At 3:6), entre outras coisas. Será, então, que isso significa que podemos fazer o mesmo apenas tendo fé? Depende: fé em quê?

O verso 22 diz “tende fé em Deus”. Ter fé em Deus significa acreditar no que Deus falou. Foi Deus que falou com Moisés para falar com a rocha, que colocou no coração de Pedro a certeza de que o coxo seria curado, que falou que abriria o mar… Se Deus falar com certeza que uma montanha sairá do lugar, pode falar com ela que ela sai. Caso contrário, vai tudo continuar como está!

Essa passagem não é, portanto, uma carta branca para sair por aí “decretando” e “determinando” as coisas, mas, antes, é um convite a acreditar em tudo que Deus falar – se Ele falar, vai acontecer. Quem decreta e determina é Deus, nós só podemos proclamar o que Ele já decretou e determinou.

Lucas 6:38ª

… dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão.

Trata-se de mais um texto usado fora do seu contexto, principalmente pelos que gostam de dizer que as contribuições financeiras para a obra de Deus são uma espécie de barganha, que rende bens materiais para quem as dá. O argumento de Jesus começa no verso 27. “Amem os inimigos, ofereçam a outra face, bendigam (mesmo aqueles que os maldizem), dêem a quem pede etc.” No verso 31, Jesus arremata: “façam com os outros o que gostariam que os outros façam com vocês”. Se assim fizermos, se tratarmos bem as pessoas, se dermos nossas coisas para aliviá-las quando tiverem necessidade, a conseqüência lógica é que também elas nos socorrerão quando precisarmos – e nos darão medida plena, recalcada, transbordante… Se, por outro lado, as julgarmos com severidade (verso 37), seremos julgados assim também. É a lei da semeadura e da colheita. Tratem os outros bem e vocês receberão o mesmo em troca – e isso não tem nada a ver com dar ofertas à igreja em troca de bênçãos materiais.
Mateus 16:19, Mateus 12:29 e Marcos 3:27

Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa. Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa.



Passagens bíblicas deturpadas por pessoas adeptas da “teologia da prosperidade” PARTE 2

Essas passagens são usadas para justificar a expressão “tá amarrado em nome de Jesus”, ou qualquer outro ritual para “amarrar” os demônios (em algumas versões em inglês “ligar”, em Mateus 16, é “bind”, ou seja, “amarrar”).

Também são usadas para justificar doutrinariamente uma suposta “legalidade” que o diabo e os demônios teriam para agir. Em outras palavras, na teologia da prosperidade e da confissão positiva, quem dá poder para os demônios agirem (ou tira esse poder) são as pessoas e não Deus. Deus só observaria, passivo, as atitudes das pessoas, que neste caso dão ou tiram o poder para que os seres espirituais ajam. A soberania de Deus, assim, se torna um mero detalhe, e Deus, de supremo controlador e sustentador de todas as coisas, passa para o posto de mero expectador, sendo constantemente ameaçado pelas forças do mal e precisando constantemente ser defendido por ninguém menos que nós, criaturas com o poder de “amarrar” os demônios…

Primeiramente, é preciso mencionar que a gramática de Mt 16:19 não diz que nós “amarramos” ou “ligamos” na terra e só então se “amarra” ou “liga” algo nos céus, mas exatamente o contrário. O tempo verbal grego, literalmente traduzido, é: “tudo que ligardes na terra terá sido ligado no céu”. “Terá sido” implica que primeiro foi ligado no céu, para só então nós ligarmos na terra. Em outras palavras, primeiro no céu, depois na terra, essa é a ordem – como, aliás, qualquer outra coisa que Deus faz: primeiro Deus toma a iniciativa, depois o homem segue o que Ele decretou. Esse entendimento acaba com o orgulho humano, uma vez que tira do homem qualquer possibilidade de mudar a Deus, que por falar nisso é imutável e sem qualquer sombra de variação (Tg 1:17). É verdade que Tiago diz que a oração do justo é eficaz, mas curiosamente o exemplo dado por ele foi o de Elias orando para não chover (Tg 5:17,18).

Quem, afinal, colocou no coração de Elias o desejo de orar para que não chovesse, foi o próprio Elias que convenceu a Deus ou foi Deus que moveu o profeta? Em segundo lugar, vale lembrar que o texto de Mateus não tem absolutamente nada a ver com “amarrar demônios”.

Quanto aos textos sobre “amarrar o valente”, é importante entender que Jesus não estava ensinando táticas para derrotar demônios, mas fazia apenas uma analogia entre um ladrão que invade uma casa e amarra o dono para poder roubar e aquele que expulsava os demônios (no caso, Ele próprio). Jesus havia sido acusado de expulsar demônios por ser o maioral deles, e usou dessa analogia para explicar que não fazia sentido expulsá-los sendo um deles, assim como não fazia sentido invadir uma casa sem amordaçar (ou amarrar) o dono desta. Além do mais, ainda que Jesus estivesse ensinando a amarrar demônios, quem disse que isso se faz gritando uma frase mágica?

Nunca é demais lembrar, também, que Jesus e os apóstolos só expulsaram demônios quando estes se apossavam das pessoas, eles nunca os expulsaram de um determinado lugar, como fazem alguns hoje.

Mateus 13:58 e Marcos 6:5,6

E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles. Não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admirou-se da incredulidade deles.

Segundo os proponentes da teologia da prosperidade e da confissão positiva, o poder de Jesus está limitado pela nossa fé. Quanto mais fé tivermos, dizem eles, mais poder Jesus terá, e a prova seria essas passagens, que dizem que Jesus “não pôde fazer muitos milagres em Nazaré por causa da incredulidade das pessoas”. Mais uma vez, Deus é privado da Sua soberania, já que só pode agir se os seres humanos permitirem.

O sentido dessas passagens, no entanto, fica claro quando entendemos para que serviam os milagres de Jesus. Um dos termos gregos usados para “milagre”, embora não seja o que foi usado nessas passagens, mas é muitas vezes usado indistintamente em outras, significa “sinal”. Um sinal é algo que se faz para que alguém veja e creia, ou seja, é como se fosse uma prova jurídica.

Aliás, esse é o termo preferido pelo evangelista João para se referir aos milagres de Jesus. Em Jo 20:30,31, está escrito: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”

Em Lucas 4, temos um relato mais detalhado da ida de Jesus a Nazaré e da incredulidade das pessoas de lá, que chegaram ao ponto de tentar matá-lo. A pergunta óbvia que se faz é, por que Jesus iria desperdiçar sinais com pessoas que não estavam dispostas a crer? Não, Jesus não teve seus poderes limitados pela incredulidade do povo, simplesmente não quis fazer sinais se estes não serviriam para nada.

Deuteronômio 28:1-14, Gênesis 39:3, Êxodo 15:26, Josué 1:8, I Crônicas 22:13, II Crônicas 26:5, Salmo 1:3, Salmo 25:13, Salmo 112:1-3 etc.

São as únicas passagens bíblicas ou que prometem prosperidade para quem obedecer ao Senhor ou que relatam que alguém prosperou por causa disso. Não é por acaso que todas elas estão no Antigo Testamento. Na Nova Aliança, não há qualquer promessa de que quem for fiel aos mandamentos de Deus prosperará materialmente ou não estará sujeito às doenças que atingem os demais seres humanos. Assim como, na Velha Aliança, não havia qualquer “promessa”, como há no caso da Nova, de que quem servisse ao Senhor seria perseguido por causa da justiça – mesmo assim, vale lembrar que vários personagens do Antigo Testamento foram perseguidos, como Elias, Daniel e Jeremias.

O fato é que Deus se relaciona com as pessoas por meio de alianças. Estas alianças são feitas conforme o nível de maturidade espiritual na qual a humanidade se encontra. Exemplificando, ninguém trata o filho de 5 anos da mesma forma que trata o que tem 25. Quando o filho pequeno pede uma bala, o pai dá. Quando o filho adulto pede a mesma coisa, geralmente a resposta é “vá trabalhar!”… No Antigo Testamento, Deus tratava as pessoas como um pai trata um filho pequeno: obedeça, seja fiel, que você ganhará muitas recompensas, será feliz, suas colheitas nunca falharão, você será rico, sua mulher nunca será estéril (nem suas vacas), sua saúde será perfeita.

Desobedeça, e os céus não enviarão a chuva, as crias das suas vacas abortarão, seus inimigos o perseguirão… No Novo Testamento, por outro lado, depois que Jesus se humilhou e se esvaziou, tendo se tornado pobre mesmo sendo o criador de tudo e o dono de todo o ouro, Deus passou a tratar a humanidade como um pai que se relaciona com um filho maduro, ou seja, na base do amor e não mais das recompensas. A humanidade já estava madura para entender que deve se relacionar com Deus apenas pelo que Ele é, sem buscar bênçãos materiais e saúde em troca e sem obedecer só pelo medo da punição. Na Nova Aliança, as doenças já não são necessariamente punição pela desobediência, mas muitas vezes podem até ser bênção, já que é em meio à nossa fraqueza que o poder de Deus se aperfeiçoa.

O mais interessante é ver que, ainda na Antiga Aliança, muitos já tinham entendido essa verdade, principalmente no caso dos profetas que foram perseguidos. Notem como é tocante a oração de Habacuque: “ainda que a figueira não floresça, que falte tudo, que todas as colheitas falhem, eu contudo me alegrarei no Senhor” (Hc 3:17,18), ou ainda a forma como Jó, pelo menos no início, reage à perda de tudo: “o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Por mais absurdo que possa parecer, um defensor da teologia da prosperidade uma vez me disse que Jó errou por não buscar a cura…

Salmo 103:3

Ele é quem perdoa as tuas iniqüidades; quem sara as tuas enfermidades.

Davi estava num momento de alegria em que, provavelmente, tinha acabado de ver curado de uma doença, possivelmente a mesma referida nos salmos 51, 32 e 38, por causa do seu pecado. Ele diz à sua própria alma que seja grata ao Senhor, que é quem cura de todas as enfermidades. Só que Ele cura quando e como quer, e ainda assim se quiser. Eu concordo com Davi, Deus cura tudo (inclusive amputações!), mas só quando quer. Quando Ele diz não, eu me contento com o fato de que o poder dEle se aperfeiçoa na minha fraqueza, na minha enfermidade, na minha tristeza. Aliás, quando Paulo diz em II Co 12:10 que “sente prazer nas fraquezas”, a palavra grega usada para “fraquezas” é exatamente a mesma usada em Mt 8:17 – ou seja, as fraquezas nas quais Paulo sentia prazer eram as mesmas que Jesus levou sobre Si! Por que os teólogos da prosperidade nunca mencionam isso? Será que eles não sabem, ou escondem deliberadamente?

Provérbios 18:21

A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.

Esse texto é usado para justificar muitas coisas, dentre as quais a doutrina das “maldições” e a própria confissão positiva, segundo a qual suas palavras (confissão, no caso) têm algum poder mágico no mundo espiritual.

O livro de Provérbios é um pouco mais complicado quando se trata de colocar passagens no contexto, já que cada provérbio é um dito isolado e não faz parte de uma unidade textual. Por outro lado, existe algo chamado “contexto amplo”, que é a idéia geral do autor ao escrever uma obra, e ainda o estilo literário.

Neste caso, vemos que o livro em questão contém conselhos para a vida prática, discorrendo sobre criação dos filhos, conduta ética, temor de Deus, sabedoria, obediência às autoridades e outras recomendações que, seguidas na nossa vida prática, produzem uma vida coerente e centrada na vontade de Deus. Desta forma, não se trata de um manual de batalha espiritual nem muito menos de um tratado teológico sobre a ação de anjos e demônios, mas é um livro bem “pé no chão”.

Dito isso, podemos entender que o verso em questão trata do uso da língua no nosso quotidiano, e do grande poder que ela tem: com a língua você pode magoar alguém, desfazer uma longa amizade, pode se meter em apuros, principalmente se ofender alguém com mais poder que você, mas também pode manifestar amor, produzir reconciliação, pode evitar até uma guerra.

Quem usa a língua com sabedoria comerá do fruto que essa mesma sabedoria produz, e é isso e nada mais que o verso em questão está dizendo. Em Tiago 3:1-12 temos o mesmo tema novamente, de forma mais elaborada.

I Samuel 24:6 e Salmo 105:15

E disse [Davi] aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR.

Dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.

Com base nesses dois versículos, criou-se dentro do protestantismo uma classe especial de “ungidos” que estão acima dos demais crentes e, além disso, não podem ser criticados ou questionados, pois afinal não se pode “tocar nos ungidos”. Esses tais se dizem procuradores de Deus, verdadeiros mediadores, como era, por exemplo, Moisés em relação ao resto do povo de Israel. Cito essas passagens aqui, portanto, por serem usadas com freqüência pelos líderes que ensinam a teologia da prosperidade.

Mas, afinal, o que significa “ungidos”? “Ungir” significa “derramar óleo sobre”, e era, na cultura judaica antiga, a forma como os sacerdotes e reis eram iniciados no seu ofício. Em outras palavras, a unção credenciava o indivíduo para ser mediador entre Deus e as outras pessoas. Por esta razão Jesus é chamado de Cristo ou Messias, que são palavras que significam “ungido”. No Novo Testamento, contudo, o termo “unção” só aparece duas vezes, dentro da mesma passagem, em I Jo 2:20 e 27, que é um texto que diz que todos nós recebemos a unção do alto. A palavra “ungido”, por outro lado, só aparece na sua forma transliterada do grego, ou seja, Cristo, se referindo a Jesus e nunca aos líderes da igreja, nem mesmo aos apóstolos.

E quanto aos versículos de I Sm 24:6 e Sl 105:15? A primeira passagem fala de Saul, ungido como rei, e a segunda fala dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, que Deus aqui chama também de ungidos. “Tocar”, “estender a mão contra” e “maltratar”, em ambos os contextos, significa utilizar de violência física e não a crítica ou o questionamento. Não há qualquer legitimidade exegética para transpor essas passagens do seu contexto original e aplicá-las aos líderes da igreja, por mais abençoados que estes supostamente sejam. O leitor pode ficar tranqüilo, o seu líder não é infalível nem intocável, quem crê dessa forma é o catolicismo em relação ao papa. Se o seu líder falar ou ensinar algo que não se harmoniza com as Escrituras, ele deve sim ser confrontado (com respeito e submissão, obviamente, afinal, a não ser que ele seja um usurpador, Deus o colocou como líder) e, se ele tentar usar de intimidação citando as passagens já citadas, desconfie das intenções dele.

FONTE ELETRÔNICA;



A Certeza Sobrenatural da Fé PARTE 1

A necessidade da Fé impõe-se absolutamente no fato de Deus nos chamar a um fim sobrenatural — viver com Ele no Céu.

Para dirigirmo-nos ao Céu, ou orientar nossos atos para a vida eterna, é preciso pelo menos conhecer, embora obscuramente, este fim e os meios sobrenaturais, que são os únicos capazes de nos fazer consegui-lo.

Na verdade, não se quer se não o que se conhece.

Ora, sem a fé na Revelação pina, não podemos conhecer o fim sobrenatural para o qual somos chamados. A Fé é pois absolutamente necessária para nos salvar. "Ide e pregai", disse N. S. Jesus Cristo aos seus apóstolos — aquele que crer será salvo, aquele que não crer, será condenado.

Como poderíamos conhecer os mistérios da salvação, que são essencialmente sobrenaturais, sem a Fé na Revelação pina?

Nunca ensinaríamos demais esta doutrina fundamental, e para bem compreendê-la, é preciso considerar que há três ordens de conhecimento essencialmente distintas e subordinadas.

1. — Há primeiramente a ordem sensível, a dos corpos, das pedras, das plantas, dos animais, aquela onde se move o nosso corpo; conhecemos a realidade desta ordem pelos nossos sentidos.

Ela tem a sua beleza: a das cores, a dos sons, a da harmonia.

2. — Acima, há a ordem racional, a das verdades acessíveis à razão. A esta ordem pertence a distinção do bem e do mal moral, que o animal não saberá perceber. A esta ordem pertence ainda a nossa alma espiritual, com a qual podemos conhecer sem revelação, a espiritualidade, a liberdade, a imortalidade. A esta ordem pertencem as verdades naturais que a razão por suas próprias forças pode descobrir sobre Deus, Criador do Universo, Providência universal.

A visão do céu estrelado nos prova a existência de uma inteligência pina que legislou todas as coisas. É ali o ponto culminante da ordem da razão. Ela pode conhecer Deus pelo reflexo das suas perfeições nas criaturas; ela porém não pode conhecer a vida íntima de Deus; as criaturas são impotentes para no-la manifestar. Elas não têm com Deus senão uma semelhança muito imperfeita. Aquele que não conhecesse o Soberano Pontífice senão por ter visto seu palácio do Vaticano, seus empregados, por saber o lugar do seu nascimento, a data de sua elevação ao pontificado, este não conheceria a vida íntima do Soberano Pontífice.

Portanto, a razão abandonada a ela mesma não pode, apesar do progresso das ciências ou da filosofia, chegar a conhecer a vida íntima de Deus. Mesmo se este progresso continuasse por milhares de anos sem interrupção, ela não atingiria o segredo das profundidades de Deus, ao lado do qual os segredos do Oceano não são nada.

3. — Acima da ordem racional, há a ordem da verdade e da vida sobrenatural, absolutamente inacessível aos sentidos e à razão. Os segredos desta ordem, que são a profundidade mesma de Deus, sua vida íntima, nos foram revelados por N. S. J. C.

Dizemos todas as manhãs, no fim da missa, no Evangelho de S. João, "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus; n´Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. Esta luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam". Ninguém jamais viu Deus.

O Filho Unigênito do Eterno Pai no-lo manifestou. "Mas as trevas não o compreenderam". Os homens cegos pelo erro ou pela paixão, não perceberam a luz sobrenatural que N.S. lhes trouxe, eles preferiram a luz da sua razão, como alguém que preferisse miçangas a um diamante.

Há realmente três ordens, a dos corpos, a dos espíritos e a da vida íntima de Deus e dos seus santos. Assim como há numa igreja o adro exterior, a nave e o Santo dos santos ou tabernáculo de Deus vivo.

Ninguém pode entrar no Santo dos Santos, no céu, se não receber a revelação pina. Ela é absolutamente necessária para se salvar. Por exceção, aquele que não recebeu o batismo pode salvar-se sem a Fé, com as primeiras verdades da revelação. As almas que nunca ouviram a pregação do Evangelho nas regiões mais afastadas da África ou Oceania podem, se não resistirem a voz da sua consciência e à graça interior, chegar de fidelidade em fidelidade, e de graça em graça, à Fé. Deus, do seu lado, fará o necessário para lhes revelar as verdades necessárias à salvação, ainda mesmo que Ele tenha de enviar um Anjo ou um Missionário, como mandou o Apóstolo S. Pedro ao Centurião "Cornélio".

Quantas vezes, missionários desgarrados, encontraram pobres selvagens que estavam morrendo e os esperavam antes de entregar suas almas a Deus.
Relata-se nos Anais das Missões, que um Missionário muito desejoso de ir para a China pediu por muito tempo aos seus superiores licença de partir para lá, e finalmente alcançou a permissão; apenas tinha chegado no território da Missão, encontrou uma velha mulher que o esperava para morrer. Ele a batizou, e logo depois ficou possuído de uma tal nostalgia, que pediu para voltar para a Europa e voltou.

Por aí pode-se ver que ele só foi à China para a salvação desta alma. Uma alma é mais do que um mundo. Fora a Providência pina que lá o enviara. Tal é a necessidade da fé.

Qual é a sua natureza íntima? Digamos antes o que ela não é, para destruir as falsas noções que dela tem o mundo, e veremos então melhor o que ela é.

A fé cristã não é um sentimento natural de confiança em Deus, como hoje muitas vezes o pretendem os protestantes liberais, que negam todo sobrenatural e que identificam de um modo sacrílego a fé pina a um vago sentimento religioso todo natural, que se encontra em todas as religiões.

Ainda mais porque a confiança refere-se à esperança e não diretamente à fé, é mesmo a esperança que é chamada confiança em Deus, quando ela descansa sobre a Fé nas promessas de Deus. A Fé não é também uma opinião que considera o catolicismo como a mais viva das religiões.

Esta opinião pode nascer facilmente da leitura da história; é uma opinião histórica e filosófica infinitamente inferior à Fé sobrenatural.

A Fé também não é uma certeza racional da verdade do catolicismo. Pode-se bem convencer-se racionalmente, pelo exame dos milagres que confirmam a pregação de Jesus e a vida da Igreja, que as verdades propostas pela Igreja foram reveladas por Deus, mas esta certeza racional que vem do exame dos milagres ou das profecias ainda não é a Fé. Não se penetra ainda na intimidade da palavra sobrenatural de Deus; não se concebe senão materialmente, pelos sinais sensíveis que a confirmam.

O Padre Lacordaire pôs admiravelmente este ponto em evidência na sua 17a. conferência em "Notre Dame". Ele tinha experiência própria destas coisas, porque vira de perto várias conversões. Ele escreveu: "Certo sábio que estuda a doutrina católica, que não a repele, que quer crer mas não consegue, vê exteriormente a doutrina católica, admite os fatos, sente a sua força, concorda que existiu um homem chamado Jesus Cristo, que viveu e morreu duma maneira prodigiosa, se enternece com o sangue dos mártires, com a vida da Igreja, dirá quase: é verdade, e no entanto, nada conclui. Ele se sente sufocado pela verdade, como se fica num sonho onde se vê sem ver. Oprimido sobrenaturalmente por esta verdade que ele não pode sustentar naturalmente, um dia este sábio ajoelha-se, sente a miséria do homem, levanta a mão para o céu e diz: — "Do fundo de minha miséria, Ó Deus, eu clamo por vós". — De repente alguma coisa se passa nele, uma escama cai dos seus olhos, efetua-se um mistério. Ei-lo mudado. É um homem doce e humilde de coração, pode morrer, conquistou a verdade.

Página admirável, na qual Lacordaire expõe o mais fielmente possível a doutrina de Santo Agostinho e Santo Tomás e excede nisto a muitos teólogos.

A fé é infinitamente superior a uma certeza racional, ela é uma luz sobrenatural interior que só Deus nos pode dar. Fides est donum Dei, diz São Paulo. E Nosso Senhor disse a São Pedro: "Tu és bem-aventurado, Simão, filho de João, pois nem a carne nem o sangue te revelaram isto, mas meu Pai que está nos Céus".

O Padre Lacordaire diz ainda muito bem. "O que se passa em nós quando cremos é um fenômeno de luz íntima e sobrenatural. Eu não digo que as coisas exteriores (principalmente os milagres) não operem em nós como motivos racionais de credibilidade; mas a ação mesma desta certeza suprema, a que eu me refiro, nos afeta diretamente como um fenômeno luminoso"; eu digo mais, como um fenômeno transluminoso. Como se diz transatlântico, para designar as regiões situadas do outro lado dos mares Atlânticos.
Se fosse de outro modo, como quereriam que houvesse proporção entre nossa adesão (que seria natural), racional a um assunto que excede ou a natureza ou a razão? Ora, aí não há proporção entre nossa inteligência e o objeto que lhe é apresentado, e não poderá haver certeza.

Aqui nós temos que penetrar dentro de uma ordem nova, o Infinito. — Acima da ordem sensível, da ordem racional, acima da ordem angélica. A fé é pois uma certeza sobrenatural, fruto duma graça, de um dom de Deus, duma iluminação e duma inspiração do Espírito Santo, como o diz o Concílio do Vaticano I, que reproduz exatamente a doutrina do II Concílio de Orange contra os semipelagianos.

É ao mesmo tempo uma certeza que pode ter um iletrado, isto é, uma certeza que não vem do raciocínio, nem da história, nem da literatura, nem da ciência; coisa admirável, é uma certeza que um pobre operário e uma criança podem ter maior e melhor que os sábios: "revelasti ea parvulis." É uma certeza transluminosa, apesar da obscuridade dos mistérios que não parecem obscuros para nós senão porque luminosos demais em si mesmos, como o sol, cujo esplendor ofusca o morcego; é uma certeza que exclui a dúvida, toda dúvida deliberada.

Assim como uma intuição simpática põe num instante entre dois homens o que a lógica não conseguiria em muitos anos, às vezes, uma iluminação súbita esclarece o gênio.

Lacordaire diz ainda com muita razão, sobre esse assunto: "Um convertido vos dirá: eu li, raciocinei, quis, e não consegui; mas um dia, sem que eu possa dizer como, na esquisa de uma rua, ao pé da minha lareira, eu não sei, mas já não era mais o mesmo, eu tinha fé; depois li de novo, meditei, confirmei minha fé pela razão; mas o que se passou em mim no momento da convicção final é de uma natureza absolutamente diferente de tudo que havia precedido..."

Lembrai-vos dos dois discípulos que iam a Emaús. Poder-se-ia para ilustrar esta doutrina, citar o exemplo de Ernesto Psichari, neto de Renan. Ele tinha perdido a fé. Em Marrocos percebeu que os europeus, apesar da sua civilização, não tinham mais prestígio junto aos muçulmanos, porque não rezavam mais, porque não sabiam mais nada do Além. Os muçulmanos julgavam-se superiores a eles. Pouco a pouco no deserto, Psichari reconstitui seu Credo, não crendo ainda, mas pressentindo que ia receber a graça da fé.

É o caso ainda de Massis, que não tinha mais nenhuma objeção e, não obstante, só recebeu a graça da fé no momento do batismo de sua filha.

Assim como o Dr. Leseur, que tendo se casado com uma mulher muito cristã, converte-se um dia vendo-a rezar, e hoje é: Padre Leseur, dominicano.

Qual é o papel e a necessidade desta luz sobrenatural da fé?

Ela ainda não nos dá a evidência dos mistérios da salvação que permanecem obscuros. A fé é livre. É preciso querer crer, sob a graça, para crer efetivamente.

Ela confirma a credibilidade racional destes mistérios garantidos por tantos sinais.

Mas sobretudo esta luz eleva nossa inteligência para nos fazer aderir sobrenaturalmente e infalivelmente à palavra sobrenatural do Pai Celeste.

De maneira que se pode aderir formalmente a uma verdade sobrenatural, manifestada pela revelação sobrenatural de Deus, sem que nossa inteligência seja sobrenaturalizada, sobrenaturalmente esclarecida, proporcionada à verdade pina que ela deve admitir? Sem esta graça haveria uma desproporção sem medida.

Enquanto o demônio que perdeu a fé infusa não adere senão materialmente à palavra de Deus, por causa da evidência natural dos sinais milagrosos que a confirmam, o fiel, este, esclarecido pela luz infusa da fé, compreende formalmente e espiritualmente a palavra de Deus proposta pela Igreja, penetra-a, está disposto a saboreá-la.