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domingo, 15 de janeiro de 2012

A Bíblia condena o uso das imagens? Sou idólatra? – Parte 1

Êxodo 20 proíbe a fabricação de imagens. Então, durante os últimos dois mil anos os católicos estavam errados?

No domingo de Páscoa, bem cedinho, tocaram a campainha de casa. Já de longe dava para ver quem era: dois protestantes. Depois das saudações habituais um deles abre a Bíblia no livro do Êxodo capítulo 20: "Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra". Já podem imaginar o resto do discurso.

É uma das maiores disputas entre católicos e protestantes. Para ajudar os católicos que poderiam ficar com a dúvida num enfrentamento, buscarei oferecer uma resposta breve. Nesta primeira parte faremos uma distinção de conceitos básicos que, muitas vezes, nossos irmãos separados se esquecem e nós fazemos um pouco de confusão. Na segunda parte responderemos à questão das passagens bíblicas que condenam e promovem a fabricação de imagens e a sua justa interpretação. Para um aprofundamento no tema recomendo a leitura dos números do Catecismo da Igreja Católica (CIC) 2112-2114 e 2129-2132 e do artigo publicado por Carlos Martins Nabeto sobre o mesmo tema.

Antes de qualquer coisa é necessário explicar a diferença entre ídolo e imagem.

Ídolo jamais foi sinônimo de imagem. São duas coisas muito, mas muito diferentes. O ídolo é aquilo que substitui o único e verdadeiro Deus. O exemplo mais significativo é o caso do bezerro de ouro de Ex 32. O povo de Israel pede a Aarão que lhes faça um deus de ouro ao que pudessem adorar e oferecer sacrifícios, porque Moisés demorava em descer da montanha. Essa passagem nos dá as três características principais de um ídolo:

1. Confunde-se com o único e verdadeiro Deus.

2. Atribuem-lhe poderes divinos.

3. Oferecem sacrifícios devidos ao verdadeiro Deus.

Então, na passagem do livro do Êxodo, o bezerro substitui o único e verdadeiro Deus, o milagre da fuga do Egito também lhe é atribuído e lhe oferecem sacrifícios. O CIC 2113 define o pecado de idolatria dizendo que consiste em divinizar aquilo que não é Deus.

Imagem, segundo o dicionário Aurélio, é a “representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa ou de objeto”. Ou seja, uma imagem pode ser qualquer coisa que excite a nossa vista, podendo ser uma escultura, um desenho, uma pintura, um objeto, uma foto... O CIC disse que “quem venera uma imagem se remonta ao modelo original” (n. 2132).

Desta forma, uma imagem, principalmente uma imagem religiosa, tem um significado muito mais profundo, que transcende o mesmo objeto. Porque, sem fazer uso da palavra, ela consegue sensibilizar as pessoas com uma facilidade maior que muitos ótimos oradores, pois carrega consigo uma linguagem própria que nem sempre precisa excitar nossos ouvidos.

O bezerro de ouro e a proibição bíblica da fabricação de imagens de ídolos, não podem ser confundidos com uma restrição às imagens cristãs, uma vez que lhes falta os elementos que as constituam como ídolos. A Igreja nunca afirmou que devemos adorar as imagens, tampouco lhes atribui poderes salvadores. A imagem é algo que lembra algo fora dela; o ídolo é o ser em si mesmo. A quebra de uma imagem não destrói o ser que representa; já a destruição de um ídolo significa a destruição da falsa divindade. No mesmo número 2132 do Catecismo, aparece uma citação de São Tomás de Aquino: “o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem”.

Convém ainda a distinção entre latria e dulia.

Latria significa adoração e é o culto devido exclusivamente ao único e verdadeiro Deus. Na adoração, reconhecemos Deus como Todo-Poderoso e Senhor do universo (CIC 2096-2097).

Dulia significa homenagem, veneração. No campo religioso, são dignas de veneração os santos e todas as criaturas que, neste mundo, fizeram e fazem a vontade do Pai, por se tornarem nossos modelos de fé e caridade (Cf. CIC 2132).

Podemos cometer o pecado de idolatria quando atribuímos todo o poder a uma criatura, seja ela material ou não. Por exemplo, quando atribuímos todo poder ao dinheiro, pensando que com ele podemos com tudo. A vida de uma pessoa assim girará entorno ao dinheiro, fará de tudo para ganhar mais passando por encima de tudo e de todos (se for necessário, até da própria família). É um dos casos não muito raros de idolatria nos dias de hoje!

Uma imagem religiosa é um meio para colocar-me em contato com Deus, enquanto que o ídolo rouba o lugar de Deus na minha vida. Nós católicos só adoramos a Deus e veneramos todos os demais santos, nossos modelos de vivencia da fé católica.

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