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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Evangélicos acreditam na Santa Trindade mas não sabem porque…

Desde o princípio da cristandade a Igreja Primitiva professou fé na incarnação de Cristo Jesus. Heresias à parte, este é um princípio da fé cristã, um dogma do cristianismo. Entretanto, quando se trata do discernimento da Revelação Divina quanto à Doutrina da Santíssima Trindade, nossos irmãos protestantes encontram-se face à um paradoxo incontestável, pois aos olhos daqueles que, por um lado professam submissão à ditadura da Sola Scriptura, e assim rejeitam veementemente não apenas a legitimidade e a instituição divinamente apontada do Magistério Eclesiástico; mas também a contribuição e o papel da Igreja na preservação da verdadeira fé Apostólica, a Igreja nada tem a ver com sua aceitação da Doutrina da Santíssima Trindade.
Ou seja, os cristãos não-católicos e não-ortodoxos, não conseguem, não podem, são categoricamente incapazes de provar o discernimento de uma Doutrina central da fé que professam à parte da autoridade de Igreja! Em outras palavras, o protestante evangélico, aquele que alega ter a bíblia como sua única regra de fé, conduta e doutrina, não pode provar PELA bíblia algo em que professa em sua fé. Isto porque, não é possível explicar razoavelmente ( ou seja, com o uso da razão e lógica) o discernimento e formulação da doutrina da Santíssima Trindade, sem antes temos que reconhecer a autoridade magisterial da Igreja. E, justamente porque não podem provar a Santa Trindade pela bíblia, sem que com isso ponha-se por terra à baixo o princípio mais primordial do protestantismo instituído; a doutrina da Sola Scriptura, o evangelicalismo forjou uma explicação para esse dogma da fé Cristã.
Para o protestante comum a Doutrina da Santa Trindade está “clarissimamente” explanada na Bíblia. Em suporte deste ponto de vista costumam citar várias passagens onde são mencionadas as Três Pessoas da Trindade, dentre elas, mais comumente Mateus 28,19-20 abaixo citada:
Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mateus 28:19
Uma análise cuidadosa da passagem acima revela-nos alguns pontos importantes tanto sobre a Igreja como sobre a fé Cristã. Por exemplo, ao ordenar “IDE, ENSINAI, BATIZAI” o modo verbal imperativo demonstra uma ordem, um mandamento de Cristo aos então mais respeitáveis membros de Sua Igreja: os Apóstolos. Assim, este verso demonstra claramente a missão da Igreja Apostólica: uma missão de propagar a fé através da pregação Oral e de aumentar a adesão à Fé pelo batismo de modo Universal. Portanto, a missão da Igreja era uma missão católica, universal, ou seja, incluía TODAS as NAÇÕES e não apenas a Nação Judaica, Grega, Gentil, ou etc, mas TODAS as nações. Nesse verso entendemos claramente porque a Fé dos Apóstolos era uma fé Católica, novamente, porque era uma fé que irrestrita, pois incluía à TODOS os que cressem em Cristo Jesus!
A passagem confirma também a ordenança do Batismo não como um mero símbolo opcional, como creem alguns, mas um evento compulsório para a entrada na Nova Aliança estabelecida entre Cristo e o Povo de Deus, agora não mais a nação de Israel, mas a Sua Igreja! Nesse sentido fica também muito claro porque os primeiros Cristãos batizavam até mesmo seus bebês. Pois, seguindo a tradição do Judaísmo Bíblico – não esqueçamos aqui que, apesar da Igreja Primitiva ter um caráter Universal, ou Católico, os primeiros seguidores de Cristo eram Judeus – a circuncisão era a forma de adesão à Antiga Aliança até mesmo para os bebês fora da Idade da razão e, naturalmente, o batismo assim o seria para os filhos tanto dos Judeus como dos gentios convertidos à Cristo! Era, portanto, natural e lógico para eles o batismo infantil. Só não é lógico para o protestante que, por crer na Sola Scriptura, recusa-se a aceitar os registros da história, bem como os relatos implícitos na Bíblia.
Finalmente, lemos em Mateus 28,19-20 a confirmação de algumas verdades que o Povo de Deus já sabia desde o Antigo Testamento, por exemplo, a existência do Espírito do Senhor. Esse fato, o povo Judeu já conhecia desde sempre, pois foi revelado já no relatado na história da Criação, em Gênesis:
2. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Gênesis 2,1
Entretanto, apesar do registro explícito da existência ambos de Deus e do Seu Espírito NÃO levou o Povo Judeu à concluir que houvessem duas pessoas em UM Deus. Assim, o relato da bíblia é explícita no sentido em que ela atesta para a existência tanto de Deus como do Espírito de Deus, mas o discernimento desta informação é, todavia, processado de modo distinto no Judaísmo. Para o Judeu Deus é Um e não Um Deus em duas Pessoas. Nesse sentido, Mateus 28,19-20 em nada acrescenta àquilo que fora revelado no Antigo Testamento exceto, claro, pelo fato de que explicitamente declara a existência também do Filho de Deus na Pessoa de Cristo. Porém, a informação revelada em Mateus 28,19-20 de modo algum afirma explicitamente que as Três Pessoas mencionadas na passagem sejam, de fato, UMA divindade em Três Pessoas!
Neste ponto devemos usar o testemunho da história para desvendar como e por que a Igreja Primitiva veio a formular oficialmente a doutrina da Santa Trindade. Em primeiro lugar, é importantíssimo salientar que a Bíblia, enquanto Revelação escrita, não omite a existência das três Pessoas da Santa Trindade, pelo contrário, o Novo Testamento está repleto de passagens onde são mencionados Deus Pai, O Espírito Consolador, advogado e Paráclito, bem como o Filho na Pessoa de Cristo. O problema é que mencionar três personagens não necessariamente significa claramente afirmar que eles sejam uma trindade no sentido hoje conhecido e aceito. Assim, fica provado que houve a necessidade do discernimento dos patriarcas da Igreja Primitiva como algo imperativo na formulação da Doutrina da Santa Trindade. A Igreja discerniu essa verdade, que por sua vez está confirmada nas Sagradas Escrituras.

O que diz a Igreja:

O primeiro passo para o entendimento deste mistério é justamente afirmação da verdade sobre a encarnação de Cristo.
O Verbo fez-Se carne para nos salvar, reconciliando-nos com Deus: «Foi Deus que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados» (1 Jo 4, 10). «O Pai enviou o Filho como salvador do mundo» (1 Jo 4, 14). «E Ele veio para tirar os pecados» (1 Jo 3, 5): ( 457 CIC- Catecismo da Igreja Católica).
461. Retomando a expressão de São João («o Verbo fez-Se carne»: Jo 1, 14), a Igreja chama «Encarnação» ao facto de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana, para nela levar a efeito a nossa salvação. Num hino que nos foi conservado por São Paulo, a Igreja canta este mistério:
«Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio, assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de Cruz» (Fl 2, 5-8) (86). ( 461 CIC- Catecismo da Igreja Católica).
E ainda:
463. A fé na verdadeira Encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: «Nisto haveis de reconhecer o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa a Jesus Cristo encarnado é de Deus» (1 Jo 4, 2). É esta a alegre convicção da Igreja desde o seu princípio, ao cantar «o grande mistério da piedade»: «Ele manifestou-Se na carne» (1 Tm 3, 16). ( 463 CIC- Catecismo da Igreja Católica).
Contudo, a crença da Encarnação de Cristo não representa dizer que Cristo seja parte homem parte Deus, ou uma mistura de ambos (cf CIC 464). Neste sentido já desde o principio a Igreja teve que combater heresias que ora afirmavam a divindade de Cristo, mas negavam sua natureza humana, ora aceitavam em sua condição divina mas negavam sua natureza divina pois acreditavam que Jesus fosse Filho adotivo de Deus:

Heresias:

465. As primeiras heresias negaram menos a divindade de Cristo que a sua verdadeira humanidade (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos que a fé cristã insistiu sobre a verdadeira Encarnação do Filho de Deus «vindo na carne» (87). Mas, a partir do século III, a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samossata, num concilio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é Filho de Deus por natureza e não por adopção. O primeiro Concílio ecuménico de Niceia, em 325, confessou no seu Credo que o Filho de Deus é «gerado, não criado, consubstancial (‘homoúsios’) ao Pai» (88); e condenou Ario, o qual afirmava que «o Filho de Deus saiu do nada» (89) e devia ser «duma substância diferente da do Pai» (90).
466. A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Perante esta heresia, São Cirilo de Alexandria e o terceiro Concilio ecuménico, reunido em Éfeso em 431,confessaram que «o Verbo, unindo na sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, Se fez homem» (91). A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, cm 431, que Maria se tornou, com toda a verdade. Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio: «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne» (92).
467. Os monofisitas afirmavam que a natureza humana tinha deixado de existir, como tal, em Cristo, sendo assumida pela sua pessoa divina de Filho de Deus. Confrontando-se com esta heresia, o quarto Concílio ecuménico, em Calcedónia, no ano de 451, confessou:
«Na sequência dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, igualmente perfeito na divindade e perfeito na humanidade, sendo o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto duma alma racional e dum corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela sua humanidade, «semelhante a nós em tudo, menos no pecado» (93): gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nestes últimos dias, por nós e pela nossa salvação, nascido da Virgem Mãe de Deus segundo a humanidade.
Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase» (94).
469. Assim, a Igreja confessa que Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É verdadeiramente o Filho de Deus feito homem, nosso irmão, e isso sem deixar de ser Deus, nosso Senhor:
«Id quod fuit remansit, et quod non fuit assumpsit» – «Continuou a ser o que era e assumiu o que não era», como canta a Liturgia Romana (90). E a Liturgia de São João Crisóstomo proclama e canta: «Ó Filho único e Verbo de Deus, sendo imortal. Vos dignastes, para nossa salvação, encarnar no seio da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, e sem mudança Vos fizestes homem e fostes crucificado! Ó Cristo Deus, que por Vossa morte esmagastes a morte, que sois um da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!» (100).

Jesus, homem e Deus – Discernindo a Revelação

O catecismo da Igreja afirma que já no tempo dos Apóstolos a tradução do nome de Deus, ”YHWH”, dada à Moisés no Antigo Testamento como Kyrios ou “Senhor” é de certa forma uma indicação do reconhecimento por parte da Igreja da condição divina de Jesus, uma vez que ela atribui esse nome a Jesus Cristo. Entretanto, o próprio Jesus atribui esse título a Si mesmo ao debater com os fariseus sobre o significado do Salmo 110 e ao dirigir-se ao Seus apóstolos em 1 Cor 2, 8. (cf CIC 447). Da mesma forma, a Igreja entendeu que tanto o domínio de Cristo sobre as forças da natureza e doenças, quanto sua autoridade sobre os demônios são o testemunho de sua condição divina :
449. Ao atribuir a Jesus o título divino de Senhor, as primeiras confissões de fé da Igreja afirmam, desde o princípio (69), que o poder, a honra e a glória, devidos a Deus Pai, também são devidos a Jesus (70), porque Ele é «de condição divina» (Fl 2, 6) e o Pai manifestou esta soberania de Jesus ressuscitando-O de entre os mortos e exaltando-O na sua glória (71).
450. Desde o princípio da história cristã, a afirmação do senhorio de Jesus sobre o mundo e sobre a história (72) significa também o reconhecimento de que o homem não deve submeter a sua liberdade pessoal, de modo absoluto, a nenhum poder terreno, mas somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo: César não é o «Senhor»(73). «A Igreja crê… que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre» (74).

Discernindo o Dogma da Santa Trindade

Como vimos acima, o termo Trindade é empregado de modo a significar uma doutrina central da religião Cristã – uma verdade que estabelece que na Divindade existem Três Pessoas. Entretanto, a despeito disso, não há nas Sagradas escrituras um sequer termo pelo qual Três Pessoas Divinas sejam denotadas juntas como uma única divindade. De fato, o termo Trias (do qual o trinitas é uma tradução para o Latim) é encontrado pela primeira vez nos escritos de Teófilo de Antioquia por volta de 180 dC. Ele fala de “trindade de Deus [o Pai], Sua Palavra e Sua Sabedoria (Para Autolycus II.15). O termo pode, é claro, ter sido utilizado antes de seu tempo. Posteriormente, aparece em sua forma latina como trinitas, no trabalho de Tertuliano (On ​​Pudicity 21). No século seguinte, a palavra já é de uso geral. Ela é encontrada em muitas passagens de Orígenes (“In Ps. xvii”, 15). O primeiro credo em que aparece é o do aluno de Orígenes, Gregório Taumaturgo, que em seu Ekthesis pisteos composto entre 260 e 270 dC, ele escreve:
Não há, portanto, nada criado, nada sujeito ao outro na Trindade: nem há nada que tenha sido adicionado como se uma vez não tivesse existido, mas tenha nela entrado depois: portanto o Pai nunca esteve sem o Filho, nem o Filho sem o Espírito, e esta mesma Trindade é imutável e inalterável para sempre (PG, X, 986).
Assim, verificamos que o entendimento e a formulação da doutrina da Santa Trindade não aconteceu imediatamente, mas foi resultado de um processo do discernimento dos patriarcas da Igreja Primitiva. Isso não significa dizer, como afirmei anteriormente, que este mistério não esteja contido nas Sagradas Escrituras. Na verdade, as Escrituras apontam na narrativas dos evangelistas para o fato de que essa grande verdade foi revelada pelo próprio Cristo aos Seus doze apóstolos somente!
Vemos, por exemplo, em Mateus 28,20 que a ordenança para o batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, confirma, embora por si só não revele explicitamente aquilo que a Igreja veio mais tarde a proclamar sobre a Trindade, confirma o entendimento da Igreja. A frase “em nome” (eis a onoma) afirma igualmente a Divindade das Pessoas e sua unidade da natureza. É importante reconhecer que entre os judeus, e na Igreja Apostólica, o nome divino era o representante do próprio Deus. Aquele que tinha o direito de usá-lo era investido de uma autoridade vasta: pois exercia os poderes sobrenaturais Daquele cujo nome ele empregava.
Além dessas passagens, há muitas outras nos Evangelhos que se referem a uma ou outra das Três Pessoas em particular e expressam claramente a personalidade separada e Divindade de cada uma. Em relação à primeira Pessoa não será necessário dar citações especiais, pois aqueles que declaram que Jesus Cristo é o Filho de Deus, assim também afirmam a personalidade separada do Pai. A divindade de Cristo é amplamente atestada não apenas por São João, mas pelos Sinópticos, como enumerado nos exemplos abaixo.
1. Ele declara que virá a ser o juiz de todos os homens (Mateus 25:31). Na teologia judaica o julgamento do mundo era uma prerrogativa distintamente Divina, e não messiânica.2. Na parábola dos lavradores maus, Ele Se descreve como o filho do dono da casa, enquanto os Profetas, um e todos, são representados como os servos (Mateus 21:33 sqq.).3. Ele é o Senhor dos Anjos, que executam Seu comando (Mateus 24:31).4. Ele aprova a confissão de Pedro quando ele reconhece-o, não como Messias, mas explicitamente como o Filho de Deus, e Ele declara ser esse um conhecimento devido a uma revelação especial do Pai (Mateus 16: 16-17).
5. Finalmente, diante de Caifás Ele não apenas declara que Ele é o Messias, mas em resposta a uma segunda pergunta distinta, afirma Sua pretensão de ser o Filho de Deus. Motivo pelo qual Ele é imediatamente declarado pelo sumo sacerdote como culpado de blasfêmia, um crime que não poderia ter sido anexado à alegação de ser simplesmente o Messias (Lucas 22:66-71).
É, portanto, manifesto que um dogma tão misterioso pressupõe uma revelação divina. Quando o fato da revelação, entendida em seu sentido pleno como o discurso de Deus ao homem, não é mais admitido, a rejeição da doutrina segue como uma conseqüência inevitável. Por esta razão não tem lugar no protestantismo Liberal de hoje. Os escritores desta escola de pensamento contestam que a doutrina da Trindade, como professada por a Igreja, não está contida no Novo Testamento, mas que ela foi formulada pela primeira vez no segundo século e recebeu aprovação final no quarta, como o resultado do controvérsias arianos e Macedônio. Em vista desta afirmação é necessário a considerar a evidência conferida pela Escritura Sagrada bem como da Tradição da Igreja. Outros, por outro lado, afirmam que ela esteja explicitamente ensinada na bíblia, ignorando até mesmo o fato de que por diversas vezes a Igreja teve que combater heresias que, na verdade, negavam a Trindade justamente porque ela não está explicitamente revelada nas Sagradas escrituras – nos dias de hoje os Testemunhas de Jeová são um exemplo clássico. De qualquer modo, é quase supérfluo afirmar que foi o discernimento da Igreja Primitiva o responsável pela formulação desta mistério da fé Cristã. Aqueles que negam este fato, mas ao mesmo temp professam a salutar fé na Santa Trindade, creem em algo mas não sabem porque!
Assim, abaixo exporemos sucintamente de que maneira foi revelado o mistério da Santíssima Trindade (I), como é que a Igreja formulou a doutrina da fé sobre este mistério (II) tal e qual exposto pelo Catecismo da Santa Igreja:
236. Os Padres da Igreja distinguem entre «Theologia» e «Oikonomia», designando pelo primeiro termo o mistério da vida íntima de Deus-Trindade e, pelo segundo, todas as obras de Deus pelas quais Ele Se revela e comunica a sua vida. É pela «Oikonomia» que nos é revelada a «Theologia»; mas, inversamente, é a «Theologia» que esclarece toda a «Oikonomia». As obras de Deus revelam quem Ele é em Si mesmo: e, inversamente, o mistério do seu Ser íntimo ilumina o entendimento de todas as suas obras. Analogicamente, é o que se passa com as pessoas humanas. A pessoa revela-se no que faz, e, quanto mais conhecemos uma pessoa, tanto melhor compreendemos o seu agir.
I- O PAI REVELADO PELO FILHO
238. A invocação de Deus como «Pai» é conhecida em muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada como «pai dos deuses e dos homens». Em Israel, Deus é chamado Pai enquanto criador do mundo (38). Mais ainda, Deus é Pai em razão da Aliança e do dom da Lei a Israel, seu «filho primogénito» (Ex 4, 22). Também é chamado Pai do rei de Israel (39). E é muito especialmente «o Pai dos pobres», do órfão e da viúva, entregues à sua protecção amorosa (40).
240. Jesus revelou que Deus é «Pai» num sentido inédito: não o é somente enquanto Criador: é Pai eternamente em relação ao seu Filho único, o qual, eternamente, só é Filho em relação ao Pai: «Ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar» (Mt 11, 27).
241. É por isso que os Apóstolos confessam que Jesus é «o Verbo [que] estava [no princípio] junto de Deus» e que é Deus (Jo 1, 1), «a imagem do Deus invisível» (Cl 1, 15), «o resplendor da sua glória e a imagem da sua substância» (Heb 1, 3).
242. Na esteira deles, seguindo a tradição apostólica, no primeiro concílio ecumênico de Niceia, em 325, a Igreja confessou que o Filho é «consubstancial» ao Pai (44), quer dizer, um só Deus com Ele. O segundo concilio ecumênico reunido em Constantinopla em 381, guardou esta expressão na sua formulação do Credo de Niceia e confessou «o Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, luz da luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai» (45).

O PAI E O FILHO REVELADOS PELO ESPÍRITO

243. Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de um «outro Paráclito»(Defensor), o Espírito Santo. Agindo desde a criação (46) e tendo outrora «falado pelos profetas» (47), o Espírito Santo estará agora junto dos discípulos, e neles (48), para os ensinar (49) e os guiar «para a verdade total»(Jo 16, 13). E, assim, o Espírito Santo é revelado como uma outra pessoa divina, em relação a Jesus e ao Pai.
244. A origem eterna do Espírito revela-se na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos Apóstolos e à Igreja, tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pessoalmente pelo Filho, depois do seu regresso ao Pai (50). O envio da pessoa do Espírito, após a glorificação de Jesus (51) revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade.
245. A fé apostólica relativamente ao Espírito foi confessada pelo segundo concilio ecuménico, reunido em Constantinopla em 381:«Nós acreditamos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai» (52). A Igreja reconhece assim o Pai como «a fonte e a origem de toda a Divindade» (53). Mas a origem eterna do Espírito Santo não está desligada da do Filho: «O Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza… Contudo, não dizemos que Ele é somente o Espírito do Pai, mas, ao mesmo tempo, o Espírito do Pai e do Filho»(54). O Credo do Concílio de Constantinopla da Igreja confessa que Ele, «com o Pai e o Filho, é adorado e glorificado» (55).
246. A tradição latina do Credo confessa que o Espírito «procede do Pai e do Filho (Filioque)». O Concílio de Florença, em 1438, explicita: «O Espírito Santo [...] recebe a sua essência e o seu ser ao mesmo tempo do Pai e do Filho, e procede eternamente de um e do outro como dum só Princípio e por uma só espiração [...] E porque tudo o que é do Pai, o próprio Pai o deu ao seu Filho Unigénito, gerando-O, com excepção do seu ser Pai, esta mesma procedência do Espírito Santo, a partir do Filho, Ele a tem eternamente do seu Pai, que eternamente O gerou» (56).
247. A afirmação do Filioque não figurava no Símbolo de Constantinopla de 381. Mas, com base numa antiga tradição latina e alexandrina, o Papa São Leão já a tinha confessado dogmaticamente em 447 (57), mesmo antes de Roma ter conhecido e recebido o Símbolo de 381 no Concílio de Calcedónia, em 451). O uso desta fórmula no Credo foi sendo, pouco a pouco, admitido na liturgia latina (entre os séculos VIII e XI). A introdução do Filioque no Símbolo Niceno-Constantinopolitano pela liturgia latina constitui, ainda hoje, no entanto, um diferendo com as igrejas ortodoxas.

A Santíssima Trindade na doutrina da fé

A FORMAÇÃO DO DOGMA TRINITÁRIO
249. A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve, desde a origem, na raiz da fé viva da Igreja. principalmente por meio do Baptismo. Encontra a sua expressão na regra da fé baptismal, formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se já nos escritos apostólicos, como o comprova esta saudação retomada na liturgia eucarística: «A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós» (2 Cor 13, 13)(62).
250. No decurso dos primeiros séculos, a Igreja preocupou-se com formular mais explicitamente a sua fé trinitária, tanto para aprofundar a sua própria inteligência da fé, como para a defender contra os erros que a deformavam. Foi esse o trabalho dos primeiros concílios, ajudados pelo trabalho teológico dos Padres da Igreja e sustentados pelo sentido da fé do povo cristão.
251. Para a formulação do dogma da Trindade, a Igreja teve de elaborar uma terminologia própria, com a ajuda de noções de origem filosófica: «substância», «pessoa» ou «hipóstase», «relação», etc. Ao fazer isto, a Igreja não sujeitou a fé a uma sabedoria humana, mas deu um sentido novo, inédito, a estes termos, chamados a exprimir também, desde então, um mistério inefável, «transcendendo infinitamente tudo quanto podemos conceber a nível humano» (63).
252. A Igreja utiliza o termo «substância» (às vezes também traduzido por «essência» ou «natureza») para designar o ser divino na sua unidade; o termo «pessoa» ou «hipóstase» para designar o Pai, o Filho e o Espírito Santo na distinção real entre Si; e o termo «relação» para designar o facto de que a sua distinção reside na referência recíproca de uns aos outros.
O DOGMA DA SANTÍSSIMA TRINDADE
253. A Trindade é una. Nós não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: «a Trindade consubstancial» (64). As pessoas divinas não dividem entre Si a divindade única: cada uma delas é Deus por inteiro: «O Pai é aquilo mesmo que o Filho, o Filho aquilo mesmo que o Pai, o Pai e o Filho aquilo mesmo que o Espírito Santo, ou seja, um único Deus por natureza» (65). «Cada uma das três pessoas é esta realidade, quer dizer, a substância, a essência ou a natureza divina» (66).
254. As pessoas divinas são realmente distintas entre Si. «Deus é um só, mas não solitário» (67). «Pai», «Filho», «Espírito Santo» não são meros nomes que designam modalidades do ser divino, porque são realmente distintos entre Si. «Aquele que é o Filho não é o Pai e Aquele que é o Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo é Aquele que é o Pai ou o Filho» (68). São distintos entre Si pelas suas relações de origem: «O Pai gera, o Filho é gerado, o Espírito Santo procede»(69). A unidade divina é trina.
255. As pessoas divinas são relativas umas às outras. Uma vez que não divide a unidade divina, a distinção real das pessoas entre Si reside unicamente nas relações que as referenciam umas às outras: «Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo a ambos. Quando falamos destas três pessoas, considerando as relações respectivas, cremos, todavia, numa só natureza ou substância» (70). Com efeito, «n’Eles tudo é um, onde não há a oposição da relação» (71). «Por causa desta unidade, o Pai está todo no Filho e todo no Espírito Santo: o Filho está todo no Pai e todo no Espírito Santo: o Espírito Santo está todo no Pai e todo no Filho»(72).
256. São Gregório de Nazianzo, também chamado «o Teólogo», confia aos catecúmenos de Constantinopla o seguinte resumo da fé trinitária:
«Antes de mais nada, guardai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me dá coragem para suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que, daqui a instantes, eu vou mergulhar-vos na água e dela fazer-vos sair. Eu vo-la dou por companheira e protectora de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Potência, uma nos Três e abrangendo os Três de maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou natureza, sem grau superior que eleve nem grau inferior que abaixe [...] É de três infinitos a infinita conaturalidade. Deus integralmente, cada um considerado em Si mesmo [...] Deus, os Três considerados juntamente [...] Assim que comecei a pensar na Unidade logo me encontrei envolvido no esplendor da Trindade. Mal começo a pensar na Trindade, logo à Unidade sou reconduzido» (73).
 
FONTE ELETRÔNICA;
 

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